Liberar uso de máscara é precipitado nos EUA e má ideia no Brasil, diz cientista
O epidemiologista americano Eric Feigl-Ding, um dos primeiros a alertar sobre a Covid-19, afirmou à CNN que fim da obrigatoriedade pode enfraquecer medida
O epidemiologista americano Eric Feigl-Ding afirmou à CNN que é “precipitada” a liberação do uso de máscaras para pessoas que já tomaram as duas doses das vacinas contra a Covid-19 mesmo nos Estados Unidos, onde 42% da população já foi imunizada.
O cientista, um dos primeiros do mundo a chamar atenção para gravidade do novo coronavírus em 2020, considera que é “ruim” a fala do presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira (10) de que estudava com o ministro da Saúde Marcelo Queiroga o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras para quem já teve o vírus ou se imunizou contra ele.
Nesta sexta-feira (11), porém, Bolsonaro moderou o discurso sobre o tema e disse que a decisão sobre o uso do item deve ficar a cargo de governadores e prefeitos.
“A recomendação do CDC é precipitada porque pessoas vacinadas podem transmitir e ainda carregar o vírus”, afirmou Feigl-Ding em referência a decisão do dia 13 de maio deste ano, tomada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, que autorizou pessoas completamente vacinadas a não usarem máscaras ao ar livre e flexibilizou o uso do acessório em ambientes internos.
“Isso é muito arriscado na minha opinião. Mesmo para as melhores vacinas, a transmissão de pessoas assintomáticas é alta, e ainda há novas variantes circulando”, disse o epidemiologista americano.
Ele pondera, ainda, sobre o simbolismo das máscaras em um contexto em que muitos ainda duvidam da eficácia das vacinas. “Vemos no Brasil e nos EUA o movimento antivacinação, e isso atrapalha muito. Há, ainda, este grupo de pessoas que não usa máscaras e são contra o item. O fim da obrigatoriedade os fortalece”, afirmou.
Em entrevista à CNN nesta quinta-feira (11) o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Alberto Chebabo, afirmou que desobrigar o uso de máscaras no Brasil é um sinal “completamente invertido do que precisamos”. “Neste momento, precisamos intensificar o uso de máscaras na população de uma forma geral, independentemente da vacinação”, afirmou.