Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Liberação das máscaras depende de baixa taxa de transmissão, diz infectologista

    À CNN, o infectologista Alexandre Naime afirmou que o passaporte sanitário é um aliado para a adesão da campanha de imunização

    Produzido por Alvaro Gadelha*da CNN em São Paulo

    Nesta semana, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que defende o fim do uso de máscaras de forma gradual.

    Algumas entidades municipais, como a CNM (Confederação Nacional de Municípios), também se manifestaram sobre o assunto, afirmando que quase todas as cidades brasileiras irão manter o uso de máscaras.

    Apenas 2% dos municípios avaliam dispensar a obrigatoriedade. Em entrevista à CNN, o chefe da Infectologia da Unesp, Alexandre Naime Barbosa, afirmou que apenas quando a taxa de contágio estiver controlada, representando uma queda em todos os demais índices da pandemia, é que a discussão da liberação das máscaras poderá ser feita de maneira segura.

    “Não é possível qualquer medida de flexibilização do uso de máscara sem que nós tenhamos a queda sustentada em relação à taxa de transmissão, ao número de casos novos, ao número de internação e ao número de óbito. Estes quatro parâmetros têm que ser rigorosamente avaliados na flexibilização de uso de máscara, mas é óbvio que isso está na agenda científica, está no próximo passo a ser tomado. Isso, falando em liberação do uso em ambiente externo, e quando tivermos uma taxa de transmissão baixa.”

    Em Duque de Caxias, baixada fluminense, uma liminar retirou o uso obrigatório, mas precisou ser revista pela Justiça e a medida de proteção teve que ser reestabelecida.

    “[A discussão para liberar] não pode ser intempestiva como ocorreu em Duque de Caxias — eliminar o uso de máscara em um decreto do dia para a noite e, depois, ter que voltar atrás. Não faz o menor sentido”, disse Naime.

    O médico destacou um município do literal norte de São Paulo onde a taxa de contágio está abaixo de 1, ou seja, em queda no número de novos casos.

    “Em lhabela, a nossa Nova Zelândia brasileira, na última semana, nós tivemos somente cinco casos [de Covid-19], uma taxa de transmissão muito baixa. Lá é um lugar que daria para começar a conversar sobre a flexibilização do uso de máscaras em ambiente externo.”

    O infectologista criticou a posição de Queiroga, e disse que ele estaria voltando à uma posição similar à do ex-ministro Eduardo Pazuello. “Na declaração do ministro Marcelo Queiroga parece que ele está voltando a ser o Pazuello. Ele se enrola na própria explicação, dizendo que é contrário à obrigatoriedade das máscaras porque as pessoas têm que ser conscientizadas.”

    Sobre isso, Naime enfatizou o papel da comunicação na crise. “Quando eu falo que a máscara é obrigatória para entrar em um recinto, em uma instituição, para entrar em um transporte público, eu estou deixando claro que a situação da crise sanitária não me permite ainda que isso seja feito com segurança.” Ele ainda explica que é necessária a manutenção da regra para que as autoridades possam fiscalizar os cidadãos. “Se eu não tenho essa obrigatoriedade, a grande parte da sociedade se vê como se fosse livre.”

    Passaporte sanitário

    Para Naime, o chamado passaporte sanitário é um passo importante, que deve ser adotado pelas autoridades públicas, porque visa aumentar a adesão da população à vacinação. “A melhor proteção é um conjunto de medidas e o passaporte sanitário vem no sentido de incentivar as pessoas a ter mais esse meio de prevenção”, defende.

    Alexandre Naime reforçou que as vacinas contra a Covid-19 embora não previnam que a pessoa seja infectada, ela diminui a chance do paciente desenvolver doença grave que o levaria à morte.

    Comparado com o pico [da pandemia], a média-móvel de óbitos já caiu 80%, o que é algo para se comemorar em termos de efetividade da vacinação”, diz. Naime analisa, portanto, que a vacinação é mais uma medida protetiva que precisa estar aliada às não-farmacológicas — higienização, distanciamento social. Ele também explica que um paciente vacinado representa um risco menor de transmissão do que um indivíduo não-vacinado. “O tempo de transmissão do paciente vacinado é menor.”