‘Já estamos comprando freezers que chegam a -70ºC’, diz Pazuello
Ministro comenta a compra de materiais essenciais na distribuição de vacinas como a da Pfizer, que utilizam a técnica do RNA mensageiro
Em entrevista exclusiva à CNN nesta quarta-feira (9), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que a vacinação contra Covid-19 no Brasil pode começar entre dezembro ou em janeiro.
O ministro explicou que a pasta faz negociações para compra do material necessário para a distribuição da vacina da Pfizer, desenvolvida com a BioNTech, incluindo a compra de freezeres hospitalares, que podem atingir -70ºC, para assegurar a preservação do imunizante.
“Estamos fechando o memorando de entendimento com a Pfizer. É a vacina que está mais adiantada, mas mesmo ela ainda não tem registro. Está como uso emergencial. Essa vacina está sendo usada assim na Inglaterra”, disse Pazuello. A vacina Pfizer/BioNTech chamou a atenção nos últimos tempos pois obteve a autorização para uso emergencial no Reino Unido, onde a vacinação começou na terça-feira (8), e no Canadá.
Leia também:
Pazuello: ‘Vacinação da Pfizer pode começar em dezembro ou janeiro’
CNN tem acesso exclusivo ao plano nacional de imunização
Testes da vacina da Pfizer excluíram pessoas com histórico de alergias graves
Vacina americana: a promessa tecnológica da Moderna
“Já estamos comprando freezeres que chegam a -70ºC para capitais e cidades-polo. Essa logística está toda em paralelo, fechando hoje a malha viária aérea, a compra de freezeres, de 300 milhões de seringas – já com processo aberto. O plano está pronto e agora esperamos que os registros se concluam para que agente possa efetuar a compra”, completou.

Sobre outros imunizantes em desenvolvimento, Pazuello afirmou que o Ministério está seguindo o mesmo padrão de compra para todas as vacinas produzidas no Brasil ou importadas com registro: a compra é feita depois do acerto sobre as questões de quantidade, segurança e preço. “Todas [as vacinas] que forem registradas serão compradas”.
Desafios de distribuição

Por ser feita através da tecnologia inovadora que utiliza o RNA mensageiro, as doses da vacina da Pfizer devem ser mantidas a uma temperatura baixíssima, atingida somente com freezeres especiais que podem alcançar cerca de -70ºC. Um freezer que comporta vacinas comuns, por exemplo, oscila apenas entre 2º C a 10º C.
A técnica do mRNA consiste em inserir pedaços do RNA mensageiro do vírus – neste caso o SARS-CoV-2 -, parte da estrutura genética que apresenta uma espécie de “cópia” do DNA do microorganismo. A partir deste material, o corpo pode decodificar a mensagem do RNA e produzir proteínas parecidas com as do vírus, induzindo a produção de anticorpos e outras estruturas de defesa. O processo deve resultar, finalmente, na imunização contra a Covid-19.
Daí a necessidade do armazenamento especial: caso a vacina seja mantida durante muito tempo sem a refrigeração adequada, o material genético presente na vacina pode percerer, e então o imunizante perde efetividade.
Destaques do CNN Brasil Business:
BMW a R$ 24 mil e Pajero a R$ 26 mil: Santander faz leilão de carros na quinta
Brasil ainda não sabe qual será o Orçamento de 2021 – e por que isso é ruim
Governo zera alíquota de importação de pistolas e revólveres
Entretanto, especialistas lembram que após a produção, as doses da vacina podem ser mantidas por até cinco dias em freezeres comuns. A farmacêutica Pfizer anunciou também que está desenvolvendo formas de armazenamento específicas para o transporte da vacina a países que comprarem doses, como um freezer compacto que pode proteger o material por até 30 dias.
Ainda sim, imunologistas e infectologias afirmam que este é um prazo relativamente curto para o armazenamento, e portanto, o plano de logística e estratégia de distribuição precisa ser amplo e efetivo para o sucesso da vacinação popular.
Inovação científica

A certificação desta vacina pode representar um passo importante para a imunologia. Nenhuma vacina que utilize o método do RNA mensageiro foi aprovada para uso pleno da população, por se tratar de uma novidade científica.
Caso as vacinas contra a Covid-19 que usam a técnica demonstrem alta efetividade na imunização de uma grande amostra de pessoas contra a doença, a técnica do mRNA poderá ser utilizada no desenvolvimento de novas vacinas futuramente, tornando o processo cada vez mais ágil.
*sob supervisão de Leonardo Lellis