Isolamento social reduziu em 50% contágio da Covid-19 no Brasil, revela estudo
Pesquisa feita por 15 instituições brasileiras e britânicas foi publicada nesta quinta (23) pela revista Science
Um estudo envolvendo pesquisadores de 15 instituições brasileiras e britânicas divulgado nesta quinta-feira (23) pela revista Science mostra que o isolamento social feito desde o começo da pandemia do novo coronavírus no Brasil — mesmo com todos os problemas e falhas — reduziu pela metade a taxa de transmissão da Covid-19 no país.
Um dos coordenadores da pesquisa, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Renato Aguiar, falou em entrevista à CNN que este estudo sobre o Sars-CoV-2 — causador da Covid-19 — é o de maior abrangência nacional: eles conseguiram sequenciar quase 427 genomas do vírus, em 22 estados e 84 municípios brasileiros.
O que isso significa? Segundo Aguiar, por meio dos dados genômicos do vírus e de mobilidade das pessoas, chegou-se à conclusão de que as medidas de distanciamento social foram extremamente importantes na primeira fase da infecção.
“A taxa de transmissão que no início era de 1 pessoa infectando possivelmente outras 3, reduziu depois do isolamento social. Uma pessoa infectada passou a transmitir para uma única”, contou.
O professor explicou também que estudar a genética dos vírus é fundamental, pois “à medida que eles vão entrando e saindo das pessoas, vão sofrendo mutações”. E, a partir destas mutações, é possível rastrear de onde vêm e para onde estão indo os vírus.
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Em resumo, é importante rastrear as mutações para intervir em locais que estão com maior taxa de contágio e aplicar as melhores medidas possíveis para a contenção.
Comportamento da pandemia
O início desta epidemia no Brasil, de acordo com o estudo, foi marcado por múltiplas introduções do vírus, que vieram de diferentes países. Segundo Aguiar, foi possível identificar pelo menos 100 diferentes introduções do vírus no país.
Num segundo momento da epidemia, quando o vírus ficou estabelecido no Brasil, o coordenador do estudo explicou que foi possível notar que ele já tinha características próprias brasileiras. Isto é, seu genoma já era específico da nossa região.
A partir daí, o genoma foi dividido em três grandes grupos que se espalharam pelo país, caracterizando a transmissão comunitária.
(Edição: Luiz Raatz)