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    Isolamento não é suficiente para salvar indígenas na Amazônia da Covid-19

    Os rios, vitais para as comunidades indígenas remotas, também estão levando o vírus por meio dos viajantes

    A comunidade indígena Três Unidos, no Amazonas, restringiu o acesso de turistas, esperando que o isolamento a mantivesse segura da Covid-19. Mesmo assim, o novo coronavírus chegou, provavelmente por algum viajante passando pelo Rio Negro, que liga Três Unidos à Manaus, capital do Amazonas, a cinco horas de barco.

    Os rios, vitais para as comunidades remotas, agora também estão levando a doença por meio de viajantes. Os locais com mortes confirmadas por novo coronavírus, em um mapa publicado pelo governo brasileiro, seguem os rios nessas partes remotas do país.

    O chefe da aldeia Waldemir da Silva, mais conhecido como Tuxuau Kambeba, disse que o vírus veio silenciosamente, como se levado pelo vento. “O vírus é traiçoeiro”, afirmou, usando uma máscara branca e um cocar de madeira.

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    “Começamos a ficar doentes e achávamos que era um resfriado, mas as pessoas pioraram. Graças a Deus as crianças não pegaram”, disse o homem, de 61 anos.

    O drama das 35 famílias da tribo Kambeba se repete nas comunidades indígenas de toda a Amazônia, conforme a epidemia se move para cima de Manaus, uma das cidades mais atingidas do país, onde os hospitais estão sem unidades de terapia intensiva (UTIs) disponíveis e os cemitérios usam covas coletivas para enterrar os mortos.

    Um grupo conservacionista sem fins lucrativos, a Fundação Amazonas Sustentável, com sede em Manaus, está tentando ajudar por meio de doações de kits. Na quinta-feira (21), o governo estadual entregou 80 kits à aldeia Kambeba.

    Três pessoas tiveram resultado positivo quando foram testadas pela técnica de enfermagem da comunidade, Neurilene Kambeba, somando-se aos 13 casos confirmados anteriores na aldeia de 106 pessoas. “Temíamos que toda a aldeia estivesse infectada, porque muitas pessoas tinham sintomas e não tínhamos como saber”, disse.

    “Estamos lutando para que o vírus desapareça e ninguém morra, porque Manaus está muito longe e talvez não cheguemos lá a tempo de salvar um paciente grave”, afirmou. 

    A comunidade está tratando os doentes com bebidas quentes de ervas tradicionais prescritas pela idosa indígena para curar doenças, como alho e limão para tosse, ou mangarataia, a palavra para gengibre em seu idioma.

    O chefe da Fundação Amazonas Sustentável, Virgílio Viana, disse que as aldeias mais próximas a Manaus são as mais vulneráveis à infecção pelo novo coronavírus. “Os testes rápidos são muito importantes para diagnosticar os casos de Covid-19, para que os protocolos médicos de distanciamento social possam ser seguidos para evitar o contágio”. 

     

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