Intercambialidade na 3ª dose ajuda a proteger por mais tempo, diz infectologista
Jamal Suleiman lembra que para considerarmos toda a população imunizada, ainda é preciso a inclusão de pessoas de 5 a 11 anos
O Ministério da Saúde anunciou a redução do intervalo para dose de reforço e a ampliação da faixa etária que receberá a terceira dose. A partir de agora, todos com 18 anos ou mais, que já tomaram a segunda aplicação há pelo menos cinco meses já estão aptos para receber a terceira dose da vacina contra a Covid-19.
Antecipar a dose de reforço é válida neste momento da pandemia, defendeu o infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Jamal Suleiman, à CNN. O especialista destacou, ainda, a necessidade da imunização cruzada, que visa aumentar a proteção a partir da combinação de plataformas de vacinas diferentes.
Os dados têm mostrado que a intercambialidade das vacinas como dose de reforço ajuda a proteger pessoas por um intervalo de tempo maior
Jamal Suleiman
Assim, quem tomou duas doses da Coronavac, deve receber Janssen, AstraZeneza ou Pfizer. Aqueles que tomaram duas da AstraZeneca, recebem Pfizer, visto que a Janssen é de plataforma semelhante a desenvolvida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). E o cidadão que já tomou duas doses da Pfizer deve receber a AstraZeneza como reforço.
Para os 5 milhões de brasileiros que só receberam uma dose da Janssen, que até então era de dose única, será necessária a aplicação de uma segunda dose do mesmo imunizante e, então, após cinco meses, receberão a terceira dose da Pfizer.
Jamal Suleiman acredita que quando todos tiverem tomado o reforço, “a gente deve esperar um intervalo maior para aplicarmos uma próxima dose”, isto é, um recomeço da campanha de vacinação nacional contra a Covid-19 que, segundo o especialista, deve ter continuidade ao longo dos próximos anos, assim como a vacinação anual contra Influenza.
O infectologista lembra que para considerarmos toda a população imunizada, ainda é preciso a inclusão de pessoas de 5 a 11 anos no Plano Nacional de Imunização, que deve acontecer logo após a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“É fundamental, primeiro, este reforço para a gente fechar este pacote completo da sociedade protegida e, para 2022, muito provavelmente, a vacinação de crianças, quando a gente tiver respostas mais definitivas. Aí, sim, a gente completa a proteção dos humanos.”
O infectologista defende que a hora de retirar de vez as máscaras de proteção será quando toda a população tiver recebido as três doses. “A partir do instante em que tivermos todos vacinados nas doses de reforço, muito provavelmente estaremos sem as máscaras.”
Ele lembra ainda que “vacina não é um ato isolado, vacina é um ato comunitário” e que o Brasil precisará se unir para que a adesão à terceira dose seja completa e no prazo estabelecido pelo Ministério da Saúde.
“Nesse cenário é importante que a gente faça esse reforço porque o objetivo principal das vacinas é a redução das formas graves da doença, mas a infecção continua circulando na população, o que pode facilitar a emergência de variantes que podem escapar dos processos de vacinação.”
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