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    Saúde admite que Instituto Serum pode atrasar entrega de vacinas contra Covid-19

    "O cronograma de entregas de doses, enviado pelos laboratórios fabricantes, pode sofrer constantes alterações", diz Ministério da Saúde

    Murillo Ferrari, da CNN, em São Paulo

    O Instituto Serum da Índia deve atrasar a entrega das próximas doses da vacina da AstraZeneca/Oxford ao Brasil devido ao aumento da demanda doméstica e à necessidade de expandir sua capacidade de produção.

    Questionado, o Ministério da Saúde admitiu que pode haver atrasos. “O cronograma de entregas de doses, enviado pelos laboratórios fabricantes para o Ministério, pode sofrer constantes alterações, de acordo com a produção dos insumos”, disse a pasta em nota oficial.

    A situação deve afetar também os contratos da empresa com a Arábia Saudita e com Marrocos.

    Em carta enviada à Fiocruz, o CEO do laboratório indiano, Adar Poonawalla, afirmou que “para atender a esses compromissos adicionais de fornecimento, foi iniciada a expansão das instalações de produção (…) Lamentavelmente, um incêndio em um de nossos edifícios causou obstáculos à expansão de nossa produção mensal”.

    Os órgãos responsáveis pela contratação das vacinas nos outros dois países também teriam recebido carta com conteúdo similar, citando ainda “motivos de força maior” para justificar o atraso.

    A possibilidade de atraso nas entregas veio à tona dias depois que o Reino Unido afirmar que teria que desacelerar a imunização contra Covid-19 em abril já que o Instituto Serum provavelmente entregaria as doses depois do esperado.

    O Instituto Serum já forneceu metade das 10 milhões de doses recentemente encomendadas pelo Reino Unido.

    Para o Brasil, foram entregues 4 milhões de doses, para a Arábia Saudita, foram 3 milhões de doses, enqunato o Marrocos já recebeu 7 milhões – os números foram fornecidos pela chancelaria indiana. Os três países encomendaram 20 milhões de doses cada.

    A CNN entrou em contrato com o Instituto Serum, mas ainda não recebeu um retorno. À Reuters, a empresa afirmou que não comentaria o caso.

    Leia a íntegra da nota do Ministério da Saúde:

    “O Ministério da Saúde informa que o contrato firmado com o laboratório Serum prevê a entrega de 8 milhões de doses da vacina AstraZeneca/Oxford importadas da Índia até julho de 2021, com entregas mensais de 2 milhões de doses a partir de abril. 

    É importante esclarecer que o cronograma de entregas de doses, enviado pelos laboratórios fabricantes para o Ministério, pode sofrer constantes alterações, de acordo com a produção dos insumos. 

    O MS ressalta que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) já entregou o primeiro lote com mais de 1 milhão de doses da vacina AstraZeneca/Oxford produzido no Brasil, com matéria-prima (IFA) importada da China. Neste sábado (20/03) e ao longo deste domingo (21/03), o Ministério da Saúde está distribuindo a remessa para todos os estados e Distrito Federal. De acordo com o cronograma disponibilizado pela Fiocruz, o Brasil passa a contar com entregas semanais dos imunizantes produzidos no país, um avanço importante para a estabilização da produção nacional de vacinas. 

    Ainda em março, de acordo com o cronograma, a Fiocruz prevê entregar 3,8 milhões de doses da vacina ao Programa Nacional de Imunizações (PNI). A expectativa é que, até o fim do mês, sejam fabricadas cerca de 1 milhão de doses por dia, com o aumento da capacidade produtiva da Bio-Manguinhos, totalizando 100 milhões de doses até julho. 

    Por fim, o Ministério da Saúde reforça que o país já possui 562 milhões de doses, após contratos firmados com diversos laboratórios, que serão distribuídas para todo Brasil em 2021.”

    Expansão da capacidade de produção

    O Instituto Serum fez parceria com a AstraZeneca, a Fundação Gates e a aliança de vacinas Gavi para produzir até 1 bilhão de doses da vacina contra Covid-19 para os países mais pobres.

    Originalmente, a produção da empresa indiana deveria atender, principalmente, países de média e baixa renda na Ásia e na África, mas problemas de produção em outras instalações da AstraZeneca forçaram as vacinas feitas na Índia a serem enviadas para muitos outros países também em nome da empresa britânica.

    De acordo com uma fonte ouvida pela Reuters, atualmente o Instituto Serum tem capacidade de produzir entre 60 e 70 milhões de doses da vacina da AstraZeneca/Oxford.

    A empresa está trabalhando para elevar esse número para 100 milhões de doses por mês até os meses de abril ou maio, quando o fornecimento do imunizante poderia voltar ao normal.

    Pressões internas na Índia

    A notícia do possível atraso chega no momento em que a Índia, maior fabricante mundial de vacinas, está sendo criticada internamente por doar ou vender mais doses do que as aplicações feitas no país, apesar de relatar o maior número de infecções pelo novo coronavírus depois de Estados Unidos e Brasil.

    A Índia doou até agora 8 milhões de doses e vendeu quase 52 milhões de doses para um total de 75 países – principalmente do imunizante da AstraZeneca feito pelo Instituto Serum. 

    Internamente, o país já administrou mais de 44 milhões de doses desde o início de sua campanha de imunização, em meados de janeiro.

    (Com informações da Reuters)