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    Incor pede autorização à Anvisa para estudos clínicos de vacina em spray nasal

    Segundo o Incor, o documento com detalhes técnicos e metodológicos das fases 1 e 2 foi entregue à Anvisa nesta quinta-feira (21)

    Lucas RochaCarolina Figueiredoda CNN , em São Paulo

    O Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (Incor/USP) realizou, nesta quinta-feira (21), o pedido de autorização junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para início dos estudos clínicos de fases 1 e 2 de uma candidata a vacina contra a Covid-19 administrada em spray nasal.

    Os ensaios pré-clínicos, realizados com a utilização de animais, mostraram que aqueles imunizados com a candidata a vacina apresentaram altos níveis de anticorpos do tipo IgA e IgG, além de uma resposta celular protetora.

    “Estamos esperançosos nos resultados clínicos desta vacina em spray, pois todos os testes que nos propomos a fazer têm nos mostrados importantes conquistas no combate ao vírus”, disse o coordenador do estudo, Jorge Kalil, diretor do Laboratório de Imunologia do InCor e professor da Faculdade de Medicina da USP, em um comunicado.

    Segundo o Incor, o início dos testes clínicos está previsto para janeiro de 2022. O estudo contará com 280 participantes distribuídos em 7 grupos. A divisão permitirá avaliar a eficácia, segurança e dosagem do imunizante. As duas primeiras fases terão duração de até três meses, contemplando a análise de segurança, a resposta imune e o esquema vacinal mais adequado.

    Entenda a imunização pelas vias aéreas

    O desenvolvimento de vacinas intranasais considera como parâmetro a indução de um tipo de anticorpo chamado IgA, encontrado em grande quantidade na região das mucosas do nariz.

    Os anticorpos IgA fazem parte da primeira linha de defesa do organismo, sendo responsáveis por diferentes funções, incluindo neutralizar as substâncias produzidas pelos diversos tipos de microrganismos invasores.

    Dessa forma, o modelo de imunizante em formato de spray, de aspiração nasal, tem como objetivo combater o novo coronavírus no local mais importante da infecção, as vias aéreas.

    “O vírus entra no organismo pelo nariz infectando a mucosa. O nosso foco é criar uma vacina que atue diretamente no sistema respiratório, fortalecendo a resposta imune de toda essa região, de forma a evitar a cadeia de infecção do indivíduo, desenvolvimento da doença e transmissão para outras pessoas”, explicou Kalil.

    A maior parte das vacinas contra a Covid-19 disponíveis utiliza a proteína Spike para induzir a resposta imune do organismo. A estrutura, também chamada de proteína S, é uma das responsáveis pela ligação do vírus às células humanas, permitindo a entrada e a multiplicação do SARS-CoV-2 no organismo.

    Como diferencial, a vacina do Incor utiliza moléculas formadas pela ligação de dois ou mais aminoácidos, derivados de proteínas que compõe o vírus. A proteína da vacina é inserida em nanopartículas capazes de atravessar a barreira de cílios e muco presentes no nariz, chegando às células.

    Segundo Kalil, o mecanismo tem apresentado alta capacidade de promover o aumento dos anticorpos do tipo IgA e também de potencializar a resposta celular local, ampliando a proteção.

    Sobre o projeto

    O desenvolvimento da vacina de spray nasal pelo Incor conta com a participação de mais de 30 especialistas, entre cientistas e alunos de pós-doutorado e pós-graduação.

    O ponto de partida da pesquisa foi a busca por um antígeno para a vacina, ou seja, uma proteína ou molécula capaz de induzir a produção de anticorpos específicos. Para encontrá-lo, os pesquisadores investigaram a resposta imune de 220 pacientes recuperados da Covid-19. O estudo foi realizado a partir da análise de amostras sanguíneas.

    O imunizante desenvolvido pelo Laboratório de Imunologia do Incor conta com a parceria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da Faculdade de Medicina, do Instituto de Ciências Biomédica e da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, da USP.

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