“Impacto da Covid na nossa sociedade será maior que na Europa”, diz médico
À CNN, o infectologista e pesquisador da Fiocruz Julio Croda afirmou que os efeitos da Ômicron foram menos severos em países com ampla cobertura de 2ª e 3ª doses da vacina
Em entrevista à CNN neste domingo (6), o infectologista Julio Croda, professor da UFMS e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), falou sobre os impactos da Covid-19 na sociedade brasileira em comparação com os países europeus.
Para o especialista, na Europa os efeitos da variante Ômicron foram menos severos quando se trata de internações e óbitos; ele atribui este resultado à grande adesão da população à segunda e terceira doses da vacina contra a Covid-19.
Para Croda, nas próximas semanas o Brasil pode ver o declínio das infecções pela variante Ômicron, mas a cobertura vacinal dos brasileiros torna a recuperação menos ágil do que na Europa.
“Europa vive uma situação diferente. Já teve o pico da Ômicron e eles têm elevada cobertura de segunda dose e dose de reforço, diferente do Brasil. Eles tiveram pouco impacto em hospitalização e óbitos justamente porque têm a cobertura da terceira dose. O que difere dos Estados Unidos, que tem baixa cobertura de segunda e terceira dose. O perfil do Brasil é entre a Europa e os Estados Unidos”, compara o infectologista.
“Com certeza em algum momento teremos uma queda no número de casos, e queda no número de hospitalizações. Mas o impacto da Covid na nossa sociedade muito provavelmente será maior que na Europa, principalmente por conta das nossas coberturas vacinais por segunda dose, mas principalmente pela terceira dose”, acrescentou Croda.
Volta às aulas
Croda também falou sobre a importância do retorno das crianças às salas de aula, destacando que o Brasil foi um dos países mais afetados do mundo na educação por causa da pandemia.
“A gente tem que separar muito a questão da vacinação e da retomada das atividades escolares; a escola é uma atividade essencial, os alunos brasileiros foram os mais penalizados no mundo em relação à pandemia. Não tem nenhum sentido a gente vincular a retomada das atividades escolares à cobertura vacinal nessa faixa etária, porque nós já retornamos todas as atividades, então não faz sentido numa atividade essencial a gente impor uma cobertura vacinal”, afirmou o infectologista.
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Terceira dose
O pesquisador Fiocruz reiterou a importância da dose de reforço, principalmente no grupo com faixa etária acima dos 50 anos.
“As prioridades são completar o esquema vacinal inicial –as duas doses– e depois a dose de reforço. É essencial, a gente sabe que os idosos foram os primeiros a tomarem as doses, e os primeiros a tomarem a 3ª dose; é necessário que a população acima de 50 anos, principalmente, e tome a terceira dose e complete seu esquema vacinal”, afirmou.
Sobre a aplicação da quarta dose –possibilidade que vem sendo discutida pelo governo do estado de São Paulo– o infectologista afirmou que o principal agora é focar nas pessoas sem vacinação, depois nas sem dose de reforço, e a quarta dose seria ofertada, inicialmente, para pessoas acima de 60 anos.
“Porque eventualmente faz muito tempo que tomou a dose de reforço e esse grupo tem mais chance de hospitalização e óbito”, acrescentou o pesquisador.