Hospitalizações por Covid-19 batem recordes nos EUA, diz departamento de saúde
De acordo com o Departamento de Saúde e Serviços Humanos, a situação está dificultando a vida de profissionais da saúde
O número de pacientes hospitalizados com Covid-19 nos Estados Unidos atingiu um recorde – uma situação que está sobrecarregando os sistemas de saúde e levando estados a convocar equipes de emergência e tomar outras medidas para lidar.
Mais de 145.900 pessoas estão em hospitais em capitais dos EUA com Covid-19 até terça-feira (11), ultrapassando o pico anterior em janeiro de 2021, e mais que o dobro que há duas semanas atrás, de acordo com dados oferecidos pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos.
O pico anterior ocorreu em 14 de janeiro de 2021. Durante o aumento da variante Delta no verão do Hemisfério Norte, o número também chegou a níveis altos, com cerca de 104.000 em 1 setembro.
A ocorrência vem em meio a um acúmulo de casos impulsionado pela variante Ômicron do coronavírus, altamente transmissível. Os hospitais estão tentando equilibrar problemas no efetivo – não somente pelo aumento na demanda, mas também por conta dos funcionários, que estão em alto risco de infecção, devem se isolar e se recuperar após testar positivo.
Na Virgínia, o governador Ralph Northam declarou um estado limitado de emergência na segunda-feira (10), enquanto o número de internações em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) mais do que dobraram desde 1 de dezembro. A ordem permite que os hospitais expandam sua capacidade de leitos e deem mais flexibilidade às equipes, ele disse, acrescentando que também expande o uso da telemedicina, assim como aumenta os profissionais que podem aplicar vacinas.
No Texas, pelo menos 2.700 profissionais da saúde estão sendo contratados, treinados e enviados para dar assistência ao surto, se juntando a um pessoal de 1.300 já espalhado pelo estado, disse o Departamento Estadual de Serviços de Saúde do Texas, em comunicado para a CNN.
O Kentucky mobilizou a Guarda Nacional para prover apoio, com 445 membros enviados para 30 locais de cuidado à saúde, anunciou o estado.
“A Ômicron continua a erodir a comunidade, aumentando em níveis nunca vistos antes. Ela é significativamente mais contagiosa que a variante Delta”, disse o governador do Kentucky, Andy Beshear, notando que a variante prévia causou um crescimento dos casos nos meses do verão e do outono do Hemisfério Norte.
“Se continuar se espalhando no ritmo que estamos vendo, certamente irá encher nossos hospitais”, disse, e Kentucky “está apenas com 134 leitos de UTI adultos disponíveis.”
No Kansas, a Universidade do Sistema de Saúde do Kansas (UKHS), que anunciou um número recorde de pacientes com Covid-19, “está trocando as equipes de áreas que podem suportar as funções do tratamento direto de pacientes”, disse o oficial chefe das operações, Chris Ruder.
“Isso pode ser tanto criar um laboratório, quanto ser um simples transporte de pacientes. Esses tipos de coisas podemos contar com outras pessoas para ajudar”.
Medidas de mitigação, como uso obrigatório de máscaras, estão sendo reinstauradas em algumas áreas.
O governador de Delaware, John Carney, assinou um mandato universal de uso de máscaras em locais fechados na segunda-feira, devido a um aumento nas hospitalizações, com alguns hospitais “acima dos 100% de ocupação de leitos em meio à escassez de profissionais”, disse em comunicado. Igrejas e locais de culto estão isentos do mandato, enquanto comércios devem prover máscaras aos consumidores e ter placas sobre as exigências do uso.
“Eu sei que estamos exaustos dessa pandemia, mas no nível de hospitalizações que estamos vendo, os habitantes de Delaware que precisem de cuidados de emergência podem não conseguir obtê-lo. Isso é um fato. É hora de todos participarem e fazer o que funciona. Use máscara em locais fechados. Evite encontros presenciais ou espere ter e espalhar Covid. Tome sua vacina, e caso seja elegível, tome o reforço. É assum que vamos passar por esse surto sem colocar mais vidas em perigo”, disse Carney.
Escolas enfrentam problemas com a Ômicron
O debate sobre a segurança em escolas em relação à Covid-19 continua em alta, enquanto apenas cerca de uma em seis crianças entre 5 e 11 anos estão completamente vacinadas, de acordo com dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.
Enquanto Los Angeles se preparava para o retorno às escolas na terça-feira (11), aproximadamente 62.000 estudantes e funcionários testaram positivo para a Covid-19 e terão de ficar em suas casas, segundo o Distrito Escolar Unificado de Los Angelos divulgou na segunda, o que significa uma taxa de 14,99% dos testes resultando em positivo. Em comparação, o município de Los Angeles demonstrou uma taxa de 22%.
Em Chicago, os educadores voltarão às escolas na terça-feira, e os estudantes devem chegar ao ensino presencial na quarta-feira (12), depois de uma disputa que durou quase uma semana. O Sindicato de Professores de Chicago votou a favor do ensino remoto na semana anterior, e o distrito escolar respondeu cancelando as aulas por quatro dias.
O acordo, anunciado na segunda, incluiu medidas para quando uma sala de aula deve retornar ao ensino remoto devido ao coronavírus.
Em áreas onde as escolas voltaram presencialmente após as férias de fim de ano, o tempo de recuperação para aqueles com Covid-19 impactou alguns serviços essenciais.
Em Greensboro, na Carolina do Norte, o distrito escolar suspendeu o transporte com ônibus escolares para oito de seus colégios de ensino médio, com início na segunda-feira, devido a uma “escassez severa de motoristas, agravada pelo aumento de casos da Covid”, de acordo com comunicado das escolas do município de Guilford.
“Até esse final de semana, não temos motoristas de ônibus o suficiente para continuar servindo a todos os estudantes, então tivemos que fazer escolhas difíceis”, disse a chefe de operações do distrito escolar, Michelle Reed.
Para aliviar a situação para pais e guardiões, o distrito fez uma parceria que “permitirá que os alunos do ensino médio circulem em ônibus municipais gratuitamente”, disse o distrito em nota.
Outras indústrias continuam sendo atingidas
O novo surto da Ômicron não exauriu apenas trabalhadores da saúde e educadores, mas também outros setores estão com dificuldades devido ao alto ritmo de infecções.
Alguns municípios viram quase um quarto dos trabalhadores da coleta de lixo pedindo afastamento nas últimas semanas por conta do coronavírus, levando a atrasos, de acordo com a Associação de Resíduos Sólidos da América do Norte.
“Isso coincidiu, infelizmente, com o aumento dos volumes de lixo e recicláveis, associado com as festas de fim de ano. No entanto, esperamos que com a queda do volume e com a volta dos trabalhadores sanitários, esses atrasos se provarão temporários”, declarou o diretor e CEO em nota na segunda-feira.
Nas viagens, as companhias aéreas dos EUA cancelaram milhares de voos adicionais durante o final de semana devido a ausências causadas pela Covid e por tempestades de inverno, e a linha de cruzeiros Royal Caribbean International anunciou que cancelou viagens em quatro navios por conta de “circunstâncias atuais da Covid-19 ao redor do mundo”. Na semana passada, a Norwegian Cruise Line cancelou viagens de oito navios.
Os sistemas de trânsito público em grandes metrópoles, como Nova York e Washington D.C., tiveram que diminuir os serviços por conta do número de funcionários infectados pelo coronavírus.