Hidroxicloroquina não deve ser prescrita a hospitalizados, diz diretor do HCor
Pesquisadores brasileiros conduziram um estudo que mostrou que o uso da substância pode aumentar o risco de arritmia cardíaca e lesão no fígado
Em entrevista à CNN, o diretor do Instituto de Pesquisas do HCor, Alexandre Biasi, disse nesta sexta-feira (24) que, com base no estudo publicado ontem no jornal acadêmico The New England Journal of Medicine – feito pelos principais hospitais privados do Brasil –, a hidroxicloroquina não deveria continuar sendo prescrita a pacientes hospitalizados em decorrência do novo coronavírus.
“Há evidências confiáveis de que não há eficácia e, portanto, não faria sentido a prescrição para pacientes hospitalizados”, afirmou ele, acrescentando que, para pacientes no início do quadro clínico, a droga “ainda é dúvida”.
Para Biasi, a expectativa agora com relação ao uso da hidroxicloroquina é fazer outros estudos e tentar identificar remédios que possam ajudar no tratamento de Covid-19.
Segundo ele, a pesquisa do grupo mostrou que a substância causa alterações nos exames hepáticos e em eletrocardiogramas de quem a usa.
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O diretor explicou também que o estudo não incluiu pacientes que estavam em casa, somente os hospitalizados que não estavam em estado grave.
Biasi faz parte de um grupo de cientistas brasileiros que conduziu a pesquisa que mostrou que o uso de cloroquina e da hidroxicloroquina pode aumentar o risco de arritmia cardíaca e lesão no fígado, e as substâncias não têm efeito sobre o novo coronavírus, sendo ineficazes para o tratamento de pacientes infectados.
A pesquisa é uma entre as nove realizadas pela Coalizão Covid-19, que avalia a eficácia e a segurança de potenciais terapias para pacientes diagnosticados com a doença.
Albert Einstein, HCor, Sírio-Libanês, Moinhos de Vento, Oswaldo Cruz e a Beneficência Portuguesa de São Paulo. Além deles, também fazem parte da coalizão o Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e a Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet) fazem parte do grupo.