Hepatite A: conheça os sintomas, como acontece a transmissão e o tratamento
Medidas básicas de higiene e estrutura de saneamento contribuem para a prevenção da doença
As hepatites virais são infecções que atingem o fígado e podem causar impactos leves, moderados ou graves ao organismo. Em geral, são doenças silenciosas que podem permanecer anos sem apresentar sintomas.
A Food and Drug Administration (FDA), agência semelhante à Anvisa, dos Estados Unidos, informou que investiga uma possível ligação entre um surto de hepatite A e o consumo de morangos orgânicos nos Estados Unidos.
De acordo com o Ministério da Saúde, os casos de hepatite A no Brasil se concentram nas regiões Norte e Nordeste que, juntas, reúnem 55,7% de todos os casos confirmados no período de 1999 a 2018. As regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste abrangem 17,7%, 15,4% e 11,2% dos casos do país, respectivamente, segundo a pasta.
Medidas básicas de higiene e estrutura de saneamento contribuem para a prevenção da doença. Para crianças de 15 meses a 5 anos incompletos e grupos prioritários está disponível a vacina contra a hepatite A no Sistema Único de Saúde (SUS).
Conheça os principais sintomas, como acontece a transmissão e o tratamento da doença.
Como acontece a transmissão da hepatite A
A contaminação pela hepatite A acontece pela via fecal-oral, ou seja, por meio do contato entre indivíduos ou por meio de água ou alimentos contaminados. A doença costuma se propagar em regiões com condições precárias ou que não tenham tratamento de água e esgoto.
De acordo com o Ministério da Saúde, outras formas de transmissão são os contatos pessoais próximos, entre moradores da mesma casa, pessoas em situação de rua ou entre crianças em creches, além dos contatos sexuais, principalmente em homens que fazem sexo com homens.
As principais formas de prevenção são a melhoria da rede de saneamento básico e a adoção de hábitos de higiene, como a lavagem regular das mãos e dos alimentos consumidos crus, além da limpeza adequada de pratos, copos e talheres.
Medidas de prevenção recomendadas pelo Ministério da Saúde:
- Lavar as mãos (principalmente após ir ao banheiro, trocar fraldas e antes de cozinhar)
- Lavar com água tratada, clorada ou fervida os alimentos que são consumidos crus
- Cozinhar bem os alimentos, principalmente mariscos, frutos do mar e peixes
- Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras
- Adotar medidas rigorosas de higiene em creches, pré-escolas e restaurantes
- Não entrar em valões, riachos, chafarizes ou enchentes
- Usar preservativos e higienizar as mãos, genitália e região anal antes e após relações
- Higienizar vibradores e outros acessórios eróticos
Sintomas e tratamento da doença
A infecção pelo vírus da hepatite A nem sempre é sintomática. Quando os sintomas ocorrem, os pacientes podem sentir cansaço, tontura, enjoo, vômitos, febre, dor abdominal, além de apresentar pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Os sinais costumam aparecer entre duas e seis semanas e duram menos de dois meses.
A pesquisadora Lia Lewis, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) explica que o diagnóstico é realizado por exame de sangue. Além disso, não existem tratamentos específicos para a infecção e a cura costuma acontecer de forma espontânea.
“O tipo A apresenta apenas formas agudas de hepatite, ou seja, o indivíduo pode se recuperar completamente, eliminando o vírus de seu organismo. A maioria dos casos de hepatite E tem este mesmo perfil”, explica Lia.
As recomendações médicas, que contribuem para prevenir quadros graves, incluem evitar a automedicação, manter uma dieta balanceada e repor fluidos, quando necessário, em casos de sintomas como vômitos e diarreia.
Vacinação
A hepatite A também pode ser prevenida a partir da vacinação. A imunização é recomendada para pessoas acima de um ano, em esquema de duas doses, com intervalo de seis meses. A vacina não está disponível amplamente para a população: é oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para crianças de 15 meses a 5 anos incompletos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
A vacina também é disponibilizada gratuitamente nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) para pessoas com condições clínicas de risco para a hepatite A, como doenças crônicas do fígado, pessoas com o vírus das hepatites B e C, distúrbios de coagulação, pessoas que vivem com HIV, imunodeprimidos, transplantados de órgão sólido ou de medula óssea, entre outros. Na rede privada, o imunizante está disponível para crianças a partir de 12 meses, adolescentes e adultos.