Governo muda protocolo e autoriza hidroxicloroquina para casos leves de Covid-19
Documento elaborado pelo ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, permite aplicação do medicamento desde o 1º dia dos sintomas do novo coronavírus
O ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, divulgou nesta quarta-feira (20) o novo protocolo para ampliar a recomendação do uso da cloroquina por pacientes do novo coronavírus, apesar da falta de comprovação científica de eficácia do medicamento.
Pela recomendação, os pacientes podem tomar, entre o primeiro e 14º dia, cloroquina ou sulfato de hidroxicloroquina associado à azitromonicina durante cinco dias. A orientação vale para todos os casos (leves, moderados e graves), observadas as especificações de dosagem. Para os casos graves, o medicamento é indicado também após o 14º dia, observando as características de cada paciente.
O documento divulgado pelo Ministério da Saúde faz algumas ressalvas. Entre elas, que o medicamento deve ser prescrito por um médico e que ele tem autonomia para decidir ou não sobre o uso.
O texto afirma também que não existe outro medicamento eficaz disponível para o tratamento do novo coronavírus atualmente, que não recomenda a auto prescrição do remédio pelo portador da doença (uso sem acompanhamento médico) e que a divulgação do novo protocolo pretende uniformizar as orientações para os profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento da Covid-19.
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O Ministério da Saúde destaca no documento que o objetivo é ampliar o acesso dos pacientes à cloroquina e hidroxicloroquina no SUS.
O Ministério ainda divulgou um modelo do termo de ciência e consentimento que deverá ser assinado pelo paciente para aceitar a prescrição, com benefícios e riscos, do medicamento.
Movimento aguardado
A mudança era esperada desde que ele assumiu a pasta após a demissão de Nelson Teich na semana passada – entre outros motivos, por discordar de Bolsonaro quanto ao protocolo da cloroquina.
A nota informativa apresentada ao presidente Jair Bolsonaro na terça-feira (19) autoriza o uso para pacientes que apresentarem os primeiros sintomas de Covid-19 e procurarem postos de saúde. O médico terá liberdade para o uso, e os pacientes que aceitarem fazer o tratamento com a cloroquina terão que assinar um termo de consentimento.
Diante da recusa de dois ministros da Saúde, que optaram por pedir demissão para não assinar o documento, coube ao general Eduardo Pazuello, que assumiu a pasta de forma interina, liberar a cloroquina para todos os pacientes de covid-19.
— GEN. Eduardo Pazuello (@EdPazuello) May 20, 2020
Na manhã desta quarta, o presidente havia usado a conta que mantém no Twitter para confirmar a adoção do novo protocolo.
“Dias difíceis. Lamentamos os que nos deixaram. Hoje teremos novo protocolo sobre a Cloroquina pelo @minsaude. Uma esperança, como relatado por muitos que a usaram”, escreveu o Bolsonaro, marcando a página do Ministério da Saúde na rede social.
Antes desse novo protocolo, a recomendação era para que o medicamento fosse utilizado no tratamento de pacientes em casos graves do novo coronavírus. A indicação estava prevista em protocolo do Ministério da Saúde publicado na gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, que deixou o cargo em 16 de abril.
Na terça-feira (19), o diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Marcos Espinal, reiterou que não há evidência científica até o momento para recomendar o uso da cloroquina contra a Covid-19, e disse que a recomendação da agência é que não se utilize o remédio para tratar a doença respiratória provocada pelo novo coronavírus.
Piada do presidente
Também na terça, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou em participação em live ao Blog do Magno, que tem uma “caixinha” do remédio guardada caso sua mãe de 93 anos necessite, e citou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou essa semana utilizar a medicação de forma preventiva contra o novo coronavírus.
“Quem é de direita, toma cloroquina. Quem é de esquerda, toma Tubaína”, riu o presidente durante o evento.
A piada foi feita na terça-feira, dia em que o país bateu recorde com 1.179 novas mortes, chegando ao total de 17.971. Já os novos casos confirmados do novo coronavírus somam 271.628, dos quais 17.408 foram registrados na terça-feora.