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    Gene envolvido no câncer de pulmão é descoberto por novo estudo

    A descoberta pode contribuir para a detecção precoce da doença, além de auxiliar no desenvolvimento de novos tratamentos

    Gabriela Maraccinida CNN

    Um estudo recente, envolvendo pesquisadores brasileiros, identificou um gene que pode estar envolvido no surgimento, progressão e prognóstico do adenocarcinoma pulmonar, o tipo mais comum de câncer de pulmão. A descoberta pode contribuir para a detecção precoce da doença, além de auxiliar no desenvolvimento de novos tratamentos.

    O trabalho, publicado em janeiro na revista científica Translational Lung Cancer Research, utilizou dados de expressão gênica e informações clínicas de pacientes com adenocarcinoma pulmonar obtidos de bancos de dados. Esses indivíduos foram divididos em dois grupos de acordo com a expressão do gene GNGT-1 e, em seguida, foram realizadas análises sobre a sobrevivência geral dos pacientes e a expressão e os mecanismos de ação desse gene.

    Além disso, a expressão e a função do GNGT-1 no adenocarcinoma pulmonar foram verificadas por meio de testes com tecidos de pacientes e camundongos transgênicos capazes de superexpressar GNGT-1.

    “A partir dessas análises, descobrimos que o gene GNGT-1 remodela o ambiente tumoral, gerando condições que promovem a progressão acelerada do adenocarcinoma pulmonar”, explica Ramon Andrade de Mello, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia e um dos autores do estudo, à CNN.

    Segundo o especialista, o estudo introduz um novo biomarcador para a detecção precoce desse tipo de câncer de pulmão. “O GNGT-1 está significantemente relacionado à progressão e ao prognóstico desse tipo de câncer de pulmão, implicando que a hiperexpressão desse gene constitui um evento direcionador precoce da patogênese da doença. Então, o GNGT-1 é um marcador estratégico para o diagnóstico precoce do câncer, o que aumenta as chances de sucesso do tratamento”, pontua o oncologista.

    Além disso, a descoberta do mecanismo de ação do gene GNGT-1 no desenvolvimento do adenocarcinoma pulmonar possibilita a investigação do tumor em modelos animais.

    “E, tendo em vista que esse gene está envolvido na formação do adenocarcinoma pulmonar, o estudo também oferece uma fundamentação teórica para o desenvolvimento de agentes farmacológicos que bloqueiam o gene e suas vias celulares, assim contribuindo para o tratamento da doença e para o aumento da sobrevida dos pacientes”, afirma Mello.

    “O mecanismo específico direto desse oncogene sobre as células tumorais ainda precisa ser mais estudado, mas esse é um grande passo no entendimento de um potencial elemento-chave para bloquear o crescimento de células cancerígenas pulmonares”, finaliza o oncologista.

    O que é adenocarcinoma pulmonar?

    De acordo com Mello, o adenocarcinoma pulmonar é um câncer que se origina nos alvéolos e tem alta chance de metástase, além de ser uma das principais causas de mortalidade relacionadas ao câncer. Esse é o tipo mais comum de câncer de pulmão, tendo forte associação com o tabagismo, apesar de ser o subtipo mais diagnosticado em pessoas que nunca fumaram.

    Outros fatores de risco associados ao tumor incluem histórico familiar de câncer de pulmão ou exposição ocupacional a agentes químicos, como sílica, amianto, radônio, metais pesados ​​e fumaça de diesel. Além disso, mutações genéticas estão relacionadas a 52% dos casos desse tipo de câncer.

    “Hoje, mesmo com os avanços nos tratamentos, o diagnóstico precoce e o tratamento da doença ainda são desafios. Para se ter uma ideia, a sobrevida de pacientes com esse tipo de câncer é de cinco anos, o que é insatisfatório”, detalha Mello.

    O tratamento do adenocarcinoma pode incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia, imunoterapia e hormonioterapia.

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