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    Fiocruz alerta para longas internações e síndromes pós-Covid em pacientes jovens

    Rejuvenescimento da pandemia faz com que mais da metade dos casos sejam de pessoas com menos de 60 anos

    Estrutura de hospitais com leitos de UTI e enfermaria para o tratamento da Covid-19
    Estrutura de hospitais com leitos de UTI e enfermaria para o tratamento da Covid-19 Foto: CNN Brasil

    Beatriz Puente e Isabelle Resende, da CNN, no Rio de Janeiro

    Um artigo publicado na The Lancet por pesquisadores do Observatório da Fiocruz Covid-19 constatou que tem sido cada vez mais comum pacientes jovens desenvolverem a forma grave da doença. Esse cenário representa, segundo o estudo “Younger Brazilians hit by COVID-19 – What are the implications?” (“Brasileiros mais jovens atingidos pela Covid-19: quais são as implicações?”, em tradução livre), que essa faixa etária poderá ser altamente afetada por longas internações ou síndromes pós-Covid.

    Na primeira semana do ano de 2021 a média de idade dos pacientes graves era 66 anos, na semana 25, em junho, a média passou a ser de 51 anos, 15 anos a menos. 

    Se antes a maioria dos internados era de idosos, hoje é o inverso. Com a incidência do vírus em pacientes mais jovens, as chances de sequelas por conta da Covid-19 entre eles aumentam. Para o doutor Daniel Villela, um dos pesquisadores envolvidos no estudo, a vacinação teve um papel importante para essa mudança.  

    “No início do ano, mais de 50% dos casos eram graves e tínhamos mais pessoas acima de 60 anos. Agora já é o contrário: mais da metade dos casos de internação são de pessoas com menos de 60 anos. A vacinação começou com a priorização dos mais idosos e a população economicamente ativa ficou mais exposta ao vírus”, explicou Villela.  

    Além da priorização dos idosos na campanha de imunização, o estudo destacou outros dois fatores que contribuíram para a mudança na dinâmica da pandemia. Em primeiro lugar, a entrada e o aumento da circulação de novas variantes no país. Em segundo, a irregularidade na oferta de auxílio emergencial para a população em situação de pobreza tem levado a um maior relaxamento nas medidas de distanciamento físico, uma vez que mais pessoas tiveram que ir às ruas para trabalhar e obter alguma renda para se alimentar.  

    O pesquisador da Fiocruz projeta que a presença de variantes e a alta incidência da circulação do vírus impulsionem o número de casos entre os mais jovens. Porém, destaca que se houver avanço na vacinação o número de mortes será menor, já que geralmente esse grupo tem uma taxa de recuperação superior aos idosos.  

    Planos de saúde investem em programas de prevenção à Covid-19
    Vacinação de pessoas mais velhas ajudou a aumentar a proporção de jovens em UTIs Covid-19
    Foto: Reprodução/CNN Brasil

    “Tendo mais casos em pessoas mais jovens, a maioria se recupera, mesmo em casos graves. Em outros países temos observado que com a entrada de variantes, como a Delta, o número de casos até aumentou, mas o número de óbitos não, por conta da vacinação. Mesmo com essa redução, o nível de transmissão no Brasil ainda é muito alto. Ainda é preciso fortalecer o sistema hospitalar e manter as medidas de prevenção. A gente espera um número menor de óbitos, mesmo com uma quantidade alta de casos”, contou o pesquisador. 

    Na capital fluminense, por exemplo, cerca de 45% dos pacientes internados em junho tinham entre 40 e 59 anos. Em janeiro deste ano, quase 70% dos casos graves do Covid-19 na cidade eram de pessoas com mais de 60 anos.