Fila de espera é a principal reclamação de pacientes do SUS em SP, diz pesquisa
Segundo “Mapa do Acesso da Saúde em São Paulo”, 83% dos entrevistados tiveram algum problema com serviços públicos de saúde
A maior dificuldade enfrentada pelos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), no estado de São Paulo é a fila de espera, segundo uma pesquisa encomendada pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do estado de São Paulo (SindHosp), ao Instituto de Pesquisa Qualibest, com apoio da Secretaria Estadual de Saúde.
O principal objetivo do estudo foi entender como pacientes acessam e são atendidos no SUS.
O chamado “Mapa do acesso da Saúde em São Paulo”, divulgado nesta quarta-feira (17), ouviu 2.013 usuários do SUS e da saúde suplementar, entre 15 e 29 de março de 2023.
Dos entrevistados, 48% afirmam possuir plano de saúde, contra 52% que não possuem. De acordo com o estudo, 83% dos entrevistados disseram que já sentiram alguma dificuldade quando precisaram utilizar os serviços do SUS.
Os resultados foram divididos considerando três categorias: quem usa apenas a rede pública, que usa apenas a rede particular e quem usa ambas.
Os principais problemas apontados por quem participou do estudo, considerando as repostas para ambos, são:
- Tempo de espera: 54%
- Encaminhamento para realização de exames: 38%
- Assistência básica: 24%
- Encaminhamento para atendimento em uma AME [Ambulatório Médico de Especialidades]: 22%
- Encaminhamento para outros tratamentos: 21%
Uso da UBS
De acordo como a pesquisa, 94% dos entrevistados afirmam saber o que é Unidade Básica de Saúde (UBS). Quando questionadas se sabem qual é a UBS de referência para cada um, 83% dos que não possuem plano de saúde e 69% dos que possuem plano, sabiam qual era utilizavam o serviço quando necessário.
Uma das hipóteses apontadas é de que a campanha de vacinação contra a Covid-19 contribuiu para o amplo conhecimento da UBS de referência.
Estratégia de Saúde da Família
Outro tema investigado na pesquisa foi sobre a aplicação do programa Estratégia de Saúde da Família (ESF), que pretende expandir a atenção primária e valorizar as pessoas foram do ambiente hospitalar. Um dos questionamentos da pesquisa foi se ao ir à UBS, o paciente era atendido por uma equipa da ESF.
Segundo a pesquisa, 36% dos entrevistados (considerando quem tem e quem não tem plano de saúde) afirmaram que nunca foram atendidos por uma equipe de saúde da família, 21% já foram atendidos algumas vezes, 21% não sabem, enquanto 22% afirmaram sempre ser atendidos sempre pela estratégia.
Especificamente sobre o atendimento da ESF em casa, 63% afirmam nunca terem recebido visita de uma equipe de saúde da família.
Vacinação
A pesquisa também buscou entender que tipo de serviço o entrevistado procura quando precisa tomar vacinas.
De acordo com a pesquisa, 96% dos pacientes que utilizam o SUS e 87% dos beneficiários dos planos de saúde afirmam recorrer às Unidades Básicas de Saúde (UBS) para serem imunizados.
Entre os dois grupos, as UBSs são os serviços mais procurados para a vacinação.
Telemedicina
O atendimento medicinal online foi outro tema abordado na pesquisa. Durante o período mais grave da pandemia da Covid-19, a telemedicina foi uma das principais maneiras para garantir tratamento primário, evitando contato.
De acordo com o Mapa de Acesso da Saúde de São Paulo, 51% dos entrevistados, com plano de saúde, já usaram o serviço de telemedicina. O dado cai para 13% em relação ao grupo dos pacientes que não têm acesso à saúde suplementar.
Apesar da diferença, a aprovação da telemedicina é alta entre os dois grupos. No caso das pessoas com planos de saúde, 72% gostaram do serviço. Em relação a quem não tem um plano, o índice cai para 69%.
Recomendações
O relatório aponta possíveis soluções para alguns dos principais problemas apontados no SUS, como oferecer tratamento adequado no tempo certo e uma maior integração entre os sistemas público e particular.
A pesquisa aponta que deve haver um fortalecimento na Atenção Primária em Saúde, além de uma relação mais forte entre os atendimentos de média e alta complexidade, além da multiplicação das redes assistenciais.
O estudo também afirma que “a queda da cobertura vacinal é outro aspecto importante da atenção básica que requer a adoção de medidas urgentes por parte dos governos das três esferas” e sugere ainda que deve haver uma “rápida adoção e aprovação da telemedicina por parte da população, como uma forma de entrega de serviços de saúde”.