Festeiros ficam presos no México com linhas aéreas se recusando a transportá-los
Um grupo de canadenses foi filmado descumprindo medidas de segurança em um voo, gerando comoção nacional
Alguns membros de um grupo animado que apareceu dançando, bebendo e fumando cigarros eletrônicos sem máscaras a bordo de um voo para Cancún, agora estão presos no México após seu voo de retorno ao Canadá ter sido cancelado e outras companhias aéreas terem negado levá-los para casa.
O grupo voou de Montreal para Cancún no dia 30 de dezembro, a bordo de um voo fretado da Sunwing Airlines para uma viagem organizada pelo “grupo privado exclusivo” 111 Private Club.
Vídeos da festa a bordo, que mostra passageiros dançando e bebendo nos corredores, causou fúria no Canadá. Uma investigação da Transport Canadá está encaminhada, e os passageiros poderão enfrentar duras multas ou pior.
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, disse na quarta-feira (7) que estava “extremamente frustrado” com o incidente.
“É um tapa na cara ver pessoas colocando elas mesmas, colocando seus pares cidadãos, colocando trabalhadores das companhias aéreas em risco sendo completamente irresposáveis”, disse Trudeau em nota.
Em um posicionamento publicado no Twitter na quinta-feira (6), o organizador de eventos e presidente da TripleOne, James William Awad, disse que “entende porque muitos dos cidadãos estão frustrados com a situação atual”.
Awad declarou que fretou um avião particular para “garantir a segurança de todos” e tomou a atitude adicional de testar os passageiros para a Covid-19 antes de deixar Montreal.
A Sunwing cancelou seu voo de retorno, que estava programado para o dia 5 de janeiro, pois o grupo não concordou com os termos determinados, disse a companhia.
Tanto a Air Canada, quanto a Air Transat, disseram que não levarão os viajantes para casa, citando a segurança de outros passageiros e da tripulação.
Negociações para o voo de volta
A Sunwing disse em nota que sua decisão de cancelar o voo do grupo de volta ao Canadá foi “baseada na recusa do grupo em aceitar todos os termos e na compreensão de nosso time de segurança que o não cumprimento das regras seria relacionado com seu comportamento disruptivo a bordo anterior”.
A empresa disse que não pode prover detalhes específicos devido a investigações ativas, mas disse que “desenvolveu um plano robusto de mitigação para retornar os passageiros a Montreal, enquanto asseguram a saúde e segurança da tripulação e dos viajantes”.
A companhia iniciou sua própria investigação após o voo inicial e notificou a Transport Canada, declarou a Sunwing.
De acordo com o posicionamento de Awad, o ponto de dificuldade de suas negociações com a companhia aérea sobre o voo de retorno é o serviço de refeições a bordo.
Ele disse que concordou com a cláusula de não oferecer álcool no voo, e os passageiros deveriam embarcar em “condição sóbria” e uma série de outros termos.
“Não pudemos concluir um acordo pois a Sunwing se recusa a prover refeições ao grupo em um voo de cinco horas de duração”, lê-se na nota de Awad.
A empresa disse que o comportamento dos passageiros foi “indisciplinado e contraditório a uma série de regulamentos da Aviação Canadense, assim como de regulamentos de saúde pública.
O voo da volta foi cancelado para garantir a segurança da tripulação e dos passageiros, disse a companhia aérea. Ela também destacou que contribuirá com as investigações da Transport Canada sobre o incidente.
Awad disse que o 111 Private Club está trabalhando para levar todos os viajantes para casa “o mais rápido possível”.
“Esse foi meu primeiro evento de viagem”, disse em nota. “Eu aprendi significativamente, e ainda estou aprendendo com essa experiência”.
Possíveis multas para os passageiros
A Transport Canada disse mais cedo nessa semana que o departamento esteve em contato com a Sunwing e que os passageiros poderiam encarar multas de até 5 mil dólares canadenses (cerca de R$ 22 mil) por ofensa.
O departamento também alertou que qualquer passageiro pego provendo informações falsas para o governo na entrada no Canadá pode encarar multas altas ou prisão.
Em 15 de dezembro, o Canadá emitiu um conselho para seus cidadãos, pedindo que evitem todas as viagens internacionais que não sejam essenciais.
O Quebec fechou escolas, bares, cassinos e outros locais públicos, e tornou o home office obrigatório em 20 de dezembro, enquanto os casos e hospitalizações por Covid-19 aumentavam.
Até 5 de janeiro, o Canadá registrou cerca de 470 mil novos casos de Covid-19 nos últimos 14 dias, com quase 180 mil somente no Quebec.