Familiares de pacientes que morreram prestam depoimentos sobre a Prevent ao MP
Força tarefa do MP-SP já ouviu parentes de 9 vítimas e recebeu denúncias de mais 12 famílias
Os promotores da força-tarefa que investiga o caso da Prevent Senior ouviram, nesta sexta-feira (8), familiares de pacientes que morreram de Covid-19 nos hospitais da rede.
Parentes de 9 pessoas que morreram em unidades da Prevent Sênior foram ouvidas e familiares de outros 12 pacientes também fizeram denúncias, que envolvem prescrição de medicamentos ineficazes e liberação de UTI.
Membros do Ministério Público de SP que investigam o caso da Prevent no âmbito criminal concederam uma entrevista coletiva nesta sexta-feira (8) no Fórum da Barra Funda. Eles disseram que existem duas linhas de investigação sobre as circunstâncias que pacientes da operadora de saúde com Covid-19 morreram. No âmbito da saúde será investigado se os medicamentos prescritos eram eficazes e na parte criminal os responsáveis serão responsabilizados individualmente.
Na coletiva, os promotores disseram que familiares teriam afirmado o uso de medicamentos do “kit Covid” para o tratamento da doença e que, a partir disso, dentro das linhas investigativas, também há alguns pontos a serem investigados pela equipe: se houve algum óbito em decorrência de medicamentos ineficazes prescritos e se houve a falsificação de atestados de óbito, incluindo a alteração de datas das mortes dos pacientes, o que teria ferido o controle da pandemia, segundo os promotores.
Como base da investigação, são usados documentos contra a Prevent Senior que foram mostrados, inclusive, na CPI da Pandemia, incluindo um suposto estudo que teria sido feito entre março e abril do ano passado, com mais de 600 pacientes, no qual 9 mortes aconteceram. Os promotores também descartaram a exumação dos corpos.
As investigações começaram baseadas em documentos apresentados na CPI da Pandemia, onde a Prevent Sênior teria feito um estudo entre março e abril de 2020 com 636 pacientes e 9 morreram.
As oitivas vão continuar na semana que vem e serão em parceria com a Polícia Civil. Os promotores disseram também que os relatos dos familiares dão conta de que os pacientes eram obrigados a assinarem um termo de consentimento alertando sobre os riscos dos medicamentos.
Ministério Público do Trabalho
Em paralelo, o Ministério Público do Trabalho em SP também abriu um inquérito para apurar a denúncia de que os médicos foram coagidos a receitar e distribuir aos pacientes com Covid-19 da Prevent Sênior, medicamentos não indicados para o tratamento da doença, os chamados “kit Covid”, sem o consentimento dos pacientes e dos familiares.
Os médicos também teriam sido coagidos a dar alta aos pacientes ou retirá-los da UTI dos hospitais da Prevent antes do que os médicos consideravam correto.
Há também a denúncia, segundo o MPT, que os médicos foram obrigados a trabalhar mesmo com o diagnóstico confirmado de COVID-19. Quem se recusasse a seguir as normas era demitido.
Será formado um Grupo Especial de Atuação Finalística (GEAF), composto por 6 Procuradores e Procuradoras do Trabalho, para atuar no inquérito civil e nessa notícia de fato. A formalização desse grupo deve sair nos próximos dias.”
Em nota, a Prevent Senior diz que “respeita a autonomia dos médicos e vai colaborar com as investigações”.