Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Estudo pernambucano utiliza cães para identificação precoce da Covid-19

    Segundo coordenador do projeto, técnica permitiria proteger ambientes com grande circulação de pessoas

    Gabriel Passeri, da CNN, em São Paulo*

    Uma parceria entre pesquisadores de Brasil e França tenta viabilizar o uso de cães da identificação de pessoas infectadas pelo novo coronavírus. O objetivo do estudo desenvolvido pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e pela Escola Nacional Veterinária de Alfort é testar a sensibilidade e especificidade da detecção olfatória canina, de maneira que cães se tornem uma alternativa de triagem fácil e rápida da doença.

    A iniciativa integra o Projeto Internacional Nosaïs e está em fase avançada de testes com cães da instituição Amarante do Brasil, que financia o material para pesquisa e treina os animais.

    Leia também:
    Quando teremos uma vacina eficaz contra a Covid-19?

    Por que tantos testes de vacina estão acontecendo no Brasil?

    Sinatra, um dos cães treinados em estudo da UFRPE
    Sinatra, um dos cães treinados em estudo da UFRPE
    Foto: UFRPE/ Reprodução

    O projeto também conta com a colaboração da Secretaria Municipal de Saúde de Paudalho, no interior de Pernambuco, que disponibilizou uma equipe para coleta de amostras de portadores de síndrome respiratória. Neles, são realizados testes do tipo RT-PCR para identificação de casos positivos e negativos para a Covid-19. Paralelamente, é feita uma coleta de suor com um algodão em cada axila do paciente.

    Uma amostra do algodão permanece na UFRPE para a identificação dos biomarcadores moleculares, enquanto a outra é enviada ao Centro de Treinamento dos Cães de Detecção da Amarante. A partir de amostras de pacientes com resultados positivos ou negativos, os cães recebem o treinamento para a identificação dos marcadores.

    Em laboratórios dos Departamentos de Morfologia e Fisiologia Animal (DMFA) e Medicina Veterinária (DMV) da UFRPE, os pesquisadores identificam os biomarcadores, ou seja, as moléculas presentes na reação do vírus com o suor do indivíduo.

    De acordo com o coordenador do projeto em Pernambuco, professor Anísio Francisco Soares, do DMFA, a técnica permitiria proteger ambientes com grande circulação de pessoas, conforme as medidas de isolamento estão se flexibilizando no país.

    “Assim que os cães, devidamente treinados, identificarem essas pessoas, elas serão notificadas e encaminhadas para isolamento social ou tratamento, evitando-se assim novas ondas de pico da doença. É um trabalho semelhante ao que ocorre em aeroportos, na detecção de entorpecentes e explosivos, além de doenças como malária e câncer”, ressalta. 

    Com a solução, segundo o pesquisador, será possível facilitar a triagem de viajantes portadores do vírus nos postos de fronteira – portos, rodoviárias e aeroportos, auxiliando na retomada segura das atividades profissionais. De acordo com os treinadores da Amarante, os cães podem testar até 500 pessoas por hora.

    A princípio, a ação deve ser realizada nos estados de Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro, podendo avançar para outros estados brasileiros.

    * Com supervisão de André Rosa