Estudo mostra que lockdown rígido em Araraquara (SP) salvou 259 vidas

Araraquara, no interior de São Paulo, poupou 259 vidas depois que adotou um lockdown entre os dias 21 de fevereiro e 2 de março, de acordo com estudo do médico epidemiologista e professor doutor da Universidade Federal de São Carlos, Bernardino Alves Souto. A estimativa abrange um período de dois meses, porque leva em conta o tempo de internação dos pacientes internados por coronavírus – que pode ultrapassar os 30 dias, chegando até a 60. A pesquisa também mostra que 3.579 contaminações foram evitadas em um mês.

A medida restritiva, considerada uma das mais rígidas do país por especialistas, foi decretada após a cidade atingir ocupação de 100% dos leitos de UTI com a circulação da cepa P.1 – que se originou em Manaus.

“Mais de 200 pessoas que poderiam estar mortas estão aqui conosco. Apesar de toda a dificuldade, o lockdown é eficaz e necessário”, afirma a secretária municipal de Saúde, Eliana Honain.

Araraquara despontou como a única cidade que de fato fez um lockdown rígido em meio ao aumento de casos e de mortes que levaram o Brasil a ultrapassar a marca de 4 mil mortes em abril. Apenas farmácias e unidades de saúde funcionaram. Supermercados foram fechados, atendendo somente por delivery. O transporte público foi paralisado. Além disso, a circulação foi restrita durante todo o dia e a fiscalização intensificada nas ruas para evitar que as pessoas saíssem de casa sem justificativa.

Araraquara entrou em novo lockdown no dia 20 deste mês e segue com as medidas restritivas até o próximo domingo, dia 27. A prefeitura decretou novamente a medida depois que a cidade voltou a registrar um número alto de internações com a reabertura da economia. A taxa de ocupação dos leitos de UTI estava em 90%, antes dessa nova restrição.

Nesta terça-feira, em depoimento à CPI da Pandemia, o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) afirmou que o lockdown adotado na cidade de Araraquara não teria funcionado. Para justificar a tese, Terra disse que a medida foi tão ineficiente que a prefeitura teve que decretar um novo fechamento.