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    Estudo desvenda como fígado consegue se regenerar

    Descoberta pode ajudar na regeneração de outros órgãos que não têm essa capacidade, dizem pesquisadores

    Foto: Representação do fígado/Getty Images

    Camila Neumam, da CNN, em São Paulo

    Pesquisadores da New York University, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, descobriram um código que define o genoma do fígado e ajuda a explicar a notável capacidade desse órgão de se regenerar.

    Essa descoberta oferece uma nova visão sobre como os genes específicos que promovem a regeneração podem ser ativados quando parte do fígado é removida. O estudo foi divulgado recentemente na revista científica Nature Communications.

    Tal descoberta tem o potencial de informar o desenvolvimento de uma nova forma de medicina regenerativa que pode ajudar na regeneração de órgãos que não têm essa capacidade, tanto em animais quanto em humanos, segundo os pesquisadores.

    Enquanto outros animais podem regenerar a maioria de seus órgãos, em humanos, camundongos e outros mamíferos somente o fígado tem essa capacidade frente à uma lesão ou quando um pedaço é removido. 

    Estudo do DNA

    Os pesquisadores da NYUAD levantaram a hipótese de que os genes que impulsionam a regeneração no fígado seriam controlados por um código específico que permite que sejam ativados em resposta a uma lesão ou corte.

    Para chegar a tal hipótese, eles se concentraram no epigenoma, que são as modificações no DNA que alteram a expressão do gene, em oposição à mudança do próprio código genético.

    Usando um modelo de fígado de camundongo, a equipe de pesquisadores, liderada pela professora de biologia Kirsten Sadler, identificou os elementos do código epigenético presentes nas células quiescentes do fígado – células que atualmente não estão se replicando, mas têm a capacidade de se proliferar nas condições certas – que ativam genes específicos para a regeneração. 

    Os genes envolvidos na proliferação de células hepáticas são silenciados em fígados que não estão se regenerando, mas a descoberta surpreendente foi que eles residem em partes do genoma onde a maioria dos genes está ativa.

    Os pesquisadores descobriram que esses genes pró-regenerativos foram marcados com uma modificação específica – H3K27me3. Durante a regeneração, o H3K27me3 é esvaziado desses genes, permitindo sua expressão dinâmica e impulsionando a proliferação.

    No artigo “Estados de cromatina moldados por um código epigenético conferem potencial regenerativo ao fígado de camundongo (em tradução livre)”, Sadler e o cientista-chefe de pesquisa de sua equipe, Chi Zhang, apresentam a descoberta de que o fígado de camundongo contém elementos de código epigenético que permite que genes pró-regenerativos sejam ativados quando sinalizados. 

    Os padrões epigenéticos são um mecanismo bem estabelecido que coordena a expressão gênica. No entanto, a forma como os padrões epigenéticos contribuem para a expressão gênica no fígado ou como eles afetam a regeneração do fígado eram anteriormente desconhecidos. 

    Essa descoberta fornece um mecanismo que mantém as células do fígado em um estado “pronto para uso”, em preparação para a regeneração.

    “O estudo contínuo da notável capacidade de regeneração do fígado oferece uma promessa para o desenvolvimento da medicina regenerativa; talvez possamos até tentar escrever o código que permite a regeneração no fígado jovem para células em animais mais velhos, ou mesmo ajustar esse código em outros órgãos que não se regeneram e atualmente só podem ser substituídos por meio de transplantes complexos de alto risco”, disse Sandler em comunicado da NYUAD.