Estudo associa efeitos colaterais de vacinas da Covid a melhor resposta imunológica
Vacinados com os imunizantes da Pfizer ou da Moderna que tiveram sintomas como febre, calafrios, dores musculares ou fadiga apresentaram resposta de anticorpos mais elevada, aponta estudo
A vacinação contra a Covid-19 contribui para prevenir o desenvolvimento de doença grave e morte pela infecção. Em geral, pessoas vacinadas apresentam reações leves como dor ou sensibilidade e inchaço no local da injeção, além de febre baixa e dor no corpo.
As pessoas também podem apresentar quadros de fadiga e calafrios, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Os sintomas podem aparecer no momento da aplicação, ou entre 24 e 48 horas, e cessam em poucos dias.
Um estudo realizado nos Estados Unidos revela que pessoas vacinadas com os imunizantes da Pfizer ou da Moderna que tiveram sintomas como febre, calafrios, dores musculares ou fadiga apresentaram uma resposta de anticorpos mais elevada. Os resultados foram publicados no periódico científico JAMA.
“Em conclusão, esses achados apoiam o entendimento dos sintomas pós-vacinação como sinais da eficácia da vacina e reforçam as diretrizes para reforços da vacina em idosos”, diz o artigo.
Como foram realizadas as análises
Os pesquisadores apontam que as vacinas de RNA mensageiro estão associadas a sintomas locais e sistêmicos. No entanto, são poucos os estudos que avaliam se os sintomas pós-vacinação estão associados à resposta de anticorpos induzida pela vacina.
Na pesquisa, foram avaliados participantes de um projeto em andamento chamado Framingham Heart Study (FHS), que estuda fatores de risco para doenças cardiovasculares. Em fevereiro deste ano, os voluntários foram convidados a responder questionários sobre a vacinação contra a Covid-19 e sintomas associados, além de enviar amostras para testes de anticorpos.
O estudo incluiu dados de participantes que receberam duas doses de uma das vacinas, Pfizer ou Moderna, pelo menos duas semanas antes da coleta de sangue.
Os sintomas pós-vacinação foram categorizados como sintomas sistêmicos (febre, calafrios, dor muscular, náusea, vômito, dor de cabeça ou fadiga moderada a grave) ou sintomas locais (dor no local da injeção ou erupção na pele).
Os anticorpos do tipo IgG, que apontam proteção mais duradoura, para o coronavírus foram medidos. Também foram avaliadas as associações entre os sintomas pós-vacinação e a resposta de anticorpos.
O que dizem os resultados
Dos 3.200 participantes da aptos a participar do estudo, 928 (29%) preencheram o questionário, fizeram coleta de sangue e relataram ter recebido duas doses de vacinas da Pfizer ou Moderna. A idade média dos entrevistados foi de 65 anos, 360 (39%) eram homens e 568 (61%) eram mulheres. Ao todo, 84 (9%) relataram ter tido infecção prévia por Covid-19.
Após qualquer uma das doses de vacina, 446 participantes (48%) relataram sintomas sistêmicos, 109 (12%) relataram apenas sintomas locais e 373 (40%) não relataram sintomas. Na análise, os sintomas foram associados à idade mais jovem, sexo feminino, infecção prévia e vacina da Moderna.
A reatividade de anticorpos foi observada em 365 participantes assintomáticos (98%), 108 participantes (99%) com apenas sintomas locais e 444 participantes (99%) com sintomas sistêmicos. De acordo com o estudo, os sintomas sistêmicos foram associados a uma maior resposta de anticorpos. Resultados semelhantes foram obtidos com a exclusão de participantes com infecção prévia pelo coronavírus.
“Em uma amostra de adultos dos Estados Unidos, mais velhos, vacinados duas vezes, sintomas sistêmicos autorrelatados após a vacinação com mRNA de SARS-CoV-2 foram associados a uma maior resposta de anticorpos versus sintoma apenas local ou nenhum sintoma. Esses resultados concordam com um estudo anterior em profissionais de saúde dos EUA que mostrou maiores medições de anticorpos pós-vacinação entre aqueles com sintomas significativos após uma vacina de mRNA”, diz o estudo.
Os pesquisadores afirmam que quase todos os participantes mostraram uma resposta positiva de anticorpos à série completa de vacinas. No entanto, os sintomas sistêmicos permaneceram associados a uma maior resposta de anticorpos. Eles destacam que mais estudos são necessários para o esclarecimento de mecanismos biológicos associados às diferenças de resposta imunológica após a vacinação.