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    Estudo aponta persistência de sintomas dois anos após infecção por Covid-19

    Dois anos após a infecção, metade das pessoas internadas com a doença apresentaram pelo menos um sintoma em hospital da China

    Lucas Rochada CNN , em São Paulo

    Dois anos após a infecção pelo novo coronavírus, metade dos pacientes internados em um hospital da China ainda apresentam pelo menos um sintoma.

    Os resultados são de um estudo de longo acompanhamento com a participação de 1.192 pessoas infectadas durante a primeira fase da pandemia em 2020. Os achados foram publicados no periódico científico The Lancet Respiratory Medicine nesta quarta-feira (11).

    Embora as saúdes física e mental dos pacientes tenham melhorado ao longo do tempo, a análise sugere que os recuperados da Covid-19 ainda tendem a ter saúde e qualidade de vida piores do que a população em geral.

    O quadro é considerado mais severo especialmente entre as pessoas que apresentam a Covid longa, que normalmente ainda apresentam pelo menos um sintoma, incluindo fadiga, falta de ar e dificuldades de sono dois anos após o adoecimento inicial.

    Por ser uma doença relativamente nova, os impactos de longo prazo da Covid-19 para a saúde ainda estão sendo conhecidos pela comunidade científica. Os estudos de acompanhamento mais longos até o momento duraram cerca de um ano. A estimativa de recuperação dos pacientes também esbarra na falta de informações do estado de saúde populacional do período pré-pandemia.

    “O acompanhamento contínuo dos recuperados da Covid-19, particularmente aqueles com sintomas da Covid longa, é essencial para entender o curso mais longo da doença, assim como o entendimento dos benefícios dos programas de reabilitação para recuperação”, disse o professor Bin Cao, do Hospital da Amizade China-Japão, na China, autor principal do estudo, em comunicado.

    “Há uma necessidade clara de fornecer suporte contínuo a uma proporção significativa de pessoas que tiveram Covid-19 e entender como vacinas, tratamentos emergentes e variantes afetam os resultados de saúde a longo prazo”, completa.

    Os pesquisadores analisaram os impactos de saúde a longo prazo dos recuperados da Covid-19 que foram submetidos à hospitalização, assim como questões específicas da Covid longa. Eles avaliaram a saúde de 1.192 participantes com a doença internados no Hospital Jin Yin-tan em Wuhan, na China, entre 7 de janeiro e 29 de maio de 2020, aos seis meses, 12 meses e dois anos.

    As avaliações envolveram um teste de caminhada de seis minutos, exames laboratoriais e questionários sobre sintomas, saúde mental, qualidade de vida relacionada à saúde, retorno ao trabalho e uso de cuidados de saúde após a alta.

    Os efeitos negativos da Covid longa na qualidade de vida, capacidade de exercício, saúde mental e uso de serviços de saúde foram determinados comparando os participantes com e sem sintomas longos da doença.

    Os resultados foram comparados aos de um conjunto de pessoas sem histórico de infecção por Covid-19, chamado tecnicamente de grupo controle, correspondente à idade, sexo e comorbidades.

    Principais resultados

    A idade média dos participantes no momento da alta hospitalar foi de 57 anos, e 54% eram homens. Seis meses após a infecção, 68% dos participantes relataram pelo menos um sintoma persistente de Covid-19.

    Dois anos após a infecção, os relatos de sintomas caíram para 55%. Fadiga ou fraqueza muscular foram os mais relatados e caíram de 52% em seis meses para 30% em dois anos. Independentemente da gravidade da doença inicial, 89% dos participantes retornaram ao seu trabalho em dois anos.

    Dois anos após a doença, os pacientes geralmente apresentam saúde pior em comparação com a população em geral, com 31% relatando fadiga ou fraqueza muscular e 31% relatando dificuldades para dormir. A proporção de participantes sem a doença que relataram esses sintomas foi de 5% e 14% respectivamente.

    Os pacientes com Covid-19 também foram mais propensos a relatar vários outros sintomas, incluindo dores nas articulações, palpitações, tonturas e dores de cabeça. Em questionários de qualidade de vida, eles também apontaram mais frequentemente dor ou desconforto (23%) e ansiedade ou depressão (12%) do que aqueles que não foram infectados (5% para cada sintoma).

    Cerca de metade dos participantes do estudo apresentaram sintomas de Covid longa em dois anos e relataram ter menos qualidade de vida do que aqueles sem sintomas prolongados.

    Nos questionários de saúde mental, 35% relataram dor ou desconforto e 19% indicaram ansiedade ou depressão. A proporção de pacientes com a doença, mas sem Covid longa, relatando esses sintomas foi de 10% e 4% em dois anos, respectivamente. Os participantes com Covid longa também relataram problemas com mobilidade (5%) ou níveis de atividade (4%).

    As avaliações de saúde mental de participantes de com a Covid longa revelaram que 13% apresentam sintomas de ansiedade e 11% tiveram sintomas de depressão, enquanto para aqueles que não tiveram sintomas prolongados as proporções foram de 3% e 1%, respectivamente.

    As pessoas com a Covid longa também usaram com mais frequência os serviços de saúde após receberem alta, sendo que 26% relataram uma consulta ambulatorial em comparação com 11% dos participantes sem sintomas prolongados.

    Entre as limitações do estudo, os autores apontam que a ausência de um grupo de controle de recuperados de internações não relacionadas à infecção por Covid-19 tornou difícil estimar se as anormalidades observadas são específicas da doença.

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