Estudo aponta ligação entre consumo de carne vermelha e diabetes tipo 2
Pesquisa analisou dados de quase 2 milhões de pessoas em 20 países e considerou fatores como qualidade da dieta, atividade física, tabagismo, consumo de álcool, ingestão de calorias e IMC
Preocupado com o risco de diabetes tipo 2? Talvez você deva prestar atenção ao tipo de carne que está consumindo, de acordo com um novo estudo.
Comer regularmente carnes vermelhas e processadas, em particular, está associado a um risco maior de diabetes tipo 2, segundo uma análise de dados de 31 grupos de estudo publicada na terça-feira (20) na revista The Lancet Diabetes & Endocrinology.
O estudo é o mais abrangente até o momento a mostrar a ligação entre carnes processadas e carnes vermelhas não processadas com o diabetes tipo 2, disse a autora sênior do estudo, Dra. Nita Forouhi, professora de saúde e nutrição populacional na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, em um e-mail.
O diabetes tipo 2, uma condição crônica que ocorre quando o nível de açúcar no sangue é constantemente alto, é o tipo mais comum de diabetes, segundo o Instituto Nacional de Diabetes e Doenças Digestivas e Renais dos EUA. Se não for gerenciado, o diabetes tipo 2 pode levar a problemas como doenças cardíacas, derrames e doenças renais.
Ainda há mais perguntas sobre carne que precisam ser feitas, como o risco associado ao consumo de aves e os possíveis efeitos de diferentes métodos de cozimento, disse a Dra. Hilda Mulrooney, especialista em nutrição e saúde na Universidade Metropolitana de Londres, em um comunicado à imprensa. Ela não participou do estudo.
Mas a nova pesquisa está alinhada com as diretrizes nutricionais atuais, que recomendam a redução do consumo de carne, acrescentou Mulrooney.
Um olhar global
O estudo foi observacional, então os pesquisadores não puderam concluir que o consumo de carne foi a causa direta do diabetes, disse Mulrooney.
Mas a conexão foi forte, disse Forouhi, observando que “esses achados foram consistentes em diferentes populações, regiões do mundo e países”.
Os pesquisadores analisaram dados de quase 2 milhões de pessoas em 20 países. A equipe também levou em consideração fatores como “qualidade da dieta, atividade física, tabagismo, consumo de álcool, ingestão de calorias e índice de massa corporal, que poderiam impactar os resultados e que, de outra forma, poderiam exagerar ou mascarar a relação entre carne e diabetes tipo 2”, acrescentou Forouhi.
No entanto, os dados não permitiram que os pesquisadores considerassem outros fatores que podem contribuir para o diabetes tipo 2, como histórico familiar, resistência à insulina e circunferência da cintura, segundo o Dr. Duane Mellor, nutricionista e porta-voz da Associação Dietética Britânica e pesquisador honorário na Universidade de Aston, no Reino Unido. Ele não participou da pesquisa.
Esses fatores estão mais fortemente associados ao risco de desenvolver diabetes do que os fatores que os pesquisadores conseguiram considerar, acrescentou ele em um comunicado à imprensa.
“É possível que o aumento do risco associado ao consumo de carnes processadas e vermelhas possa ser resultado desses outros fatores de confusão”, disse Mellor.
Mais plantas, menos carne
Mesmo com essas limitações, as evidências no novo estudo e as recomendações dietéticas atuais são um forte argumento para reduzir o consumo de carne, disse Mulrooney.
“O consumo de carne geralmente excede as orientações dietéticas”, afirmou. “As orientações dietéticas atuais também recomendam substituir carnes vermelhas e processadas por carnes como aves, além de reduzir o consumo geral de carne usando alternativas como ervilhas, feijões, lentilhas e tofu.”
Embora ainda não haja uma pesquisa clara sobre se o consumo de aves está relacionado ao risco de diabetes tipo 2, o estudo recente mostrou que substituir carnes vermelhas e processadas por aves resultou em um risco reduzido de desenvolver diabetes tipo 2, acrescentou Mulrooney.
“É bem conhecido que, em geral, as carnes processadas disponíveis, como presunto, salsichas, bacon, cachorro-quente, salame ou pepperoni, são altamente processadas, contendo aditivos químicos e sendo ricas em sal, o que as torna prejudiciais para uma ampla gama de condições de saúde”, disse Forouhi.
Existem muitas maneiras de reduzir o consumo, incluindo “comer essas carnes com menos frequência, consumir porções menores ou substituí-las por alimentos alternativos ricos em proteínas”, acrescentou.
E, além de buscar uma dieta rica em vegetais, frutas, nozes e feijões, pessoas preocupadas com o diabetes devem garantir a incorporação de exercícios físicos regulares, afirmou Mellor.
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