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    Estresse crônico acelera progressão do câncer colorretal, sugere estudo

    Segundo pesquisadores, o estresse pode perturbar o equilíbrio da microbiota intestinal, reduzindo o nível de bactérias que combatem o tumor

    Gabriela Maraccinida CNN

    Uma nova pesquisa mostra que o estresse crônico pode perturbar o equilíbrio da microbiota intestinal e acelerar a progressão do câncer colorretal. O trabalho foi apresentado no congresso da United European Gastrology (UEG Week), que aconteceu neste mês em Viena, na Áustria.

    Segundo o estudo, o estresse crônico aumentou o crescimento do tumor e, além disso, reduziu as bactérias intestinais benéficas, particularmente o gênero Lactobacillus, essencial para uma resposta imunológica saudável contra o câncer.

    O câncer colorretal, também conhecido como câncer de intestino, abrange os tumores que se iniciam no intestino grosso, chamado cólon, e no reto. No Brasil, são estimados 45.630 casos por ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Entre os principais fatores de risco estão idade (igual ou acima dos 50 anos), sedentarismo, sobrepeso e obesidade, alimentação pobre em frutas e outros alimentos que contenham fibras.

    De acordo com Qing Li, autor principal do estudo, os pesquisadores utilizaram um coquetel de antibióticos (vancomicina, ampicilina, neomicina e metronidazol) para erradicar a microbiota intestinal, seguido de transplante de microbiota fecal. O objetivo era investigar a relação entre a microbiota intestinal e o estresse crônico na progressão do câncer colorretal.

    “A progressão do câncer colorretal relacionada ao estresse pode ser atribuída a uma redução nas bactérias intestinais benéficas, pois isso enfraquece a resposta imunológica do corpo contra o câncer. O Lactobacillus, sendo sensível à vancomicina e à ampicilina, foi esgotado nos grupos de controle e estresse pelo coquetel de antibióticos. Essa depleção destaca seu papel crucial na manutenção da saúde intestinal e sua potencial associação com a progressão do CRC sob estresse crônico”, explica Li.

    Para compreender como as bactérias do gênero Lactobacillus influenciam nos níveis de células T CD8+ — responsáveis por um papel importante na imunidade contra tumores no corpo — e na progressão do câncer colorretal, os pesquisadores suplementaram camundongos em estresse crônico com Lactobacillus. Eles observaram uma redução na formação de tumores.

    “Por meio da análise fecal, descobrimos que o Lactobacillus plantarum (L. plantarum) regulava especificamente o metabolismo do ácido biliar e aumentava a função das células T CD8+. Isso indica como o Lactobacillus pode aumentar a imunidade antitumoral”, explica Li.

    As descobertas sugerem que o potencial de terapias baseadas em Lactobacillus para o tratamento de pacientes, especialmente os afetados pelo estresse crônico, pode ser promissor.

    “Combinar medicamentos antitumorais tradicionais com suplementação de L. plantarum pode ser uma estratégia terapêutica viável para pacientes com CRC relacionado ao estresse”, afirma Li.

    Como próximos passos, os pesquisadores planejam coletar amostras fecais e tumorais de pacientes com câncer colorretal para analisar mudanças na microbiota intestinal entre indivíduos com e sem estresse crônico.

    “Nosso objetivo é verificar se L. plantarum é significativamente reduzido em pacientes com CCR estressados ​​e explorar sua relação com células imunes antitumorais”, relata o pesquisador.

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