Estoque de kit intubação teve melhora, mas ainda é preocupante, alerta médica
Diretora-presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), Suzana Lobo afirma que crescente número de casos pressiona estoque de remédios
Apesar de muitos municípios terem recebido do Ministério da Saúde novas remessas do chamado kit intubação, conjunto de remédios utilizado no tratamento de pacientes graves da Covid-19, a situação ainda é preocupante. O alerta é da diretora-presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), Suzana Lobo.
Levantamento da Confederação Nacional de Municípios mostra que o baixo estoque de remédios continua em cerca de 10% das cidades. “Podemos dizer que tivemos um respiro. A situação ainda é preocupante, varia em diversas regiões. Há locais que têm estoque para 5 ou 10 dias, alguns até para 15 dias. Mas é como se a gente pudesse apenas respirar um pouquinho”, relata Suzana.
Segundo a médica, o crescente número de casos da doença no país pressiona a ocupação de UTIs e, consequentemente, a utilização do kit intubação. “Continuamos com todas as medidas possíveis de poupança, utilizando terapias adjuntas para poupar esses medicamentos. O cenário ainda é preocupante, já que as UTIs continuam ainda com taxa de ocupação muito alta. Com esse grande número de casos. é pouco provável que a situação vai melhorar rapidamente.”
Alta dos preços
De acordo com uma pesquisa do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Sindhosp), medicamentos que compõem o kit intubação, como sedativos e analgésicos, tiveram altas nos preços que chegaram a mais de 100% desde abril do ano passado.
Suzana Lobo ressalta que o aumento dos preços impacta todo o sistema nacional de saúde. “Esses medicamentos são usados em cirurgias eletivas e emergenciais. Por isso, temos que suspender as cirurgias eletivas. Isso vem há tantos meses que pode impactar na saúde da população uma vez que temos atendimentos atrasados, temos filas para UTIs não-Covid e cada vez mais filas para cirurgias eletivas. Enquanto esses medicamentos não estiverem disponibilizados da maneira ideal, as cirurgias eletivas também no podem voltar a acontecer.”