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    Especialistas defendem conjunto de indicadores para liberar uso de máscaras

    Prefeitura do Rio quer liberar uso de máscaras em locais fechados quando 75% da população estiver imunizada

    Especialistas dizem que mais de um indicador deve ser levado em conta para a flexibilização do uso de máscaras, como a cobertura vacinal e a taxa de transmissibilidade
    Especialistas dizem que mais de um indicador deve ser levado em conta para a flexibilização do uso de máscaras, como a cobertura vacinal e a taxa de transmissibilidade Tomaz Silva/Agência Brasil

    Cleber RodriguesLucas Janoneda CNN

    no Rio de Janeiro

    O anúncio do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), sobre a desobrigação do uso de máscaras em ambientes fechados, após 75% da população imunizada, preocupa especialistas ouvidos pela CNN.

    Para os pesquisadores, municípios e estados brasileiros devem levar em consideração mais de um indicador para flexibilizar o uso de máscaras, como a cobertura vacinal e a taxa de transmissibilidade.

    De acordo com o médico infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Júlio Croda, os gestores não podem se basear apenas em um índice para liberar o uso da proteção facial, principalmente em ambientes fechados. Ele defende que 80% da população do país esteja completamente vacinada, além de índices baixos de transmissão, casos, internações e mortes.

    “É necessário ter cautela nesse momento. O Rio vai receber muitos turistas no final do ano, o que, eventualmente, já está associado ao aumento da transmissão. Se a cidade do Rio libera, toda Baixada Fluminense vai querer liberar também, mesmo sem ter indicadores que permitam isso”, alerta Croda.

    Para Gulnar Azevedo, membro da Associação Brasileira de Saúde Coletiva e professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a liberação do uso de máscaras deve ser a última etapa de flexibilização.

    “Seria importante que pelo menos 80% da população esteja completamente vacinada. Esse vírus traz muitas surpresas e o risco de novas variantes surgirem e a curva epidêmica voltar a subir não é pequena. Portanto, a proteção de máscaras, principalmente em lugares fechados, é muito importante. Precisamos manter isso até que a pandemia seja totalmente controlada. A máscara é o último passo”, declara Gulnar.

    O virologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rômulo Leão Silva Neris, alerta para as novas variantes. “As taxas de vacinação devem ser adicionadas a outros indicadores para flexibilizações e não algo que venha para substituir. Acho muito arriscado suspender uma medida baseado apenas nesse indicador como meta. A gente pode ter uma campanha de vacinação alta, mas pode ter, por exemplo, uma circulação do vírus entre não vacinados que favoreça novas variantes. Isso tem que ser feito com muito cuidado. Uma medida desencontrada pode ter consequências lá na frente”, avalia.

    O que dizem outros especialistas

    Epidemiologista da Universidade Federal Fluminense (UFF) Marcio Watanabe

    “Acho que além da vacinação, ele deveria considerar o número de óbitos e hospitalizações nas duas últimas semanas como critério para esse tipo de decisão. O Rio só começou a ter uma queda mais significativa de óbitos e hospitalizações há poucos dias. Isso não pode ser ignorado. Outra questão é que muitos idosos estão sendo hospitalizados. Então a dose de reforço talvez seja tão importante como critério quanto a segunda dose.”

    Infectologista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Celso Ferreira Ramos

    “É preciso analisar o número de mortes e de hospitalizações para termos uma ideia da transmissão. O que tem que basear as flexibilizações não são as medidas de controle, incluindo a vacina, mas sim a resposta epidemiológica a tudo isso”

    Rio prevê liberar uso de máscaras em ambientes fechados a partir de novembro

    O prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, afirmou, nesta quinta-feira (21), que o uso de máscaras de proteção em locais fechados passa a ser facultativo na capital fluminense, quando 75% da população total do município estiver imunizada contra a Covid-19. E de acordo com as projeções de Paes, isso deve acontecer em meados de novembro. Nesse momento, o Rio tem 61,7% da população total vacinada.

    “Quando a gente chegar a 75% da população carioca vacinada, ou seja, praticamente 100% da população crítica imunizada, a gente vai permitir a liberdade de usar a máscara em locais fechados. Lá para o dia 15 de novembro, a gente quer chegar ao momento que está ‘meio’ que tudo liberado”, disse.

    Para os locais abertos, a expectativa da Prefeitura do Rio de Janeiro é flexibilizar o uso de máscaras até a próxima terça-feira (26), quando a cobertura vacinal chegar em 65% na capital fluminense. Entretanto, a piora no cenário epidemiológico e o surgimento de novas variantes podem alterar o cronograma, segundo Paes.