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    Envenenamento acidental de crianças por pequenas baterias aumentou, diz estudo

    Nos EUA, a quantidade de registros foi duas vezes maior entre 2009 e 2019 do que entre 1990 e 2009; objetos engolidos podem causar lesões graves e até mesmo a morte

    Sandee LaMotteda CNN

    Um número crescente de crianças está engolindo pequenas baterias de lítio, também conhecidas como baterias “botão”, que energizam muitos de nossos dispositivos de consumo, com consequências potencialmente graves, até mesmo a morte, segundo um novo relatório.

    Apesar das campanhas de informação pública alertando os pais sobre os perigos, as visitas às salas de emergência como resultado de envenenamentos por bateria foram duas vezes maiores de 2010 a 2019 em comparação com 1990 a 2009, de acordo com o estudo publicado segunda-feira (29) na revista Pediatrics.

    O que gera uma média de uma visita de emergência relacionada à bateria a cada 1,25 hora entre crianças menores de 18 anos, segundo o relatório. Crianças com menos de 5 anos estavam em maior risco, observou o relatório, especialmente crianças entre 1 e 2 anos, que normalmente colocam coisas que encontram na boca.

    Mesmo após a remoção do dispositivo, as baterias de botão de lítio ainda têm uma corrente forte.

    Quando as baterias ficam presas na garganta de uma criança, a saliva pode interagir com a corrente do dispositivo, o que causa “uma reação química que pode queimar gravemente o esôfago em menos de duas horas, criando uma perfuração esofágica, paralisia das cordas vocais ou até mesmo erosão nas vias aéreas (traqueia) ou vasos sanguíneos principais”, alertou o Hospital Infantil da Filadélfia, nos Estados Unidos.

    Foi o que aconteceu em 2010 com Emmett Rauch, que na época tinha 1 ano, e engoliu uma bateria de botão que havia caído do controle remoto de um aparelho de DVD, de acordo com seus pais, Karla e Michael Rauch.

    “A bateria literalmente queimou um buraco através do esôfago dele em sua traqueia (vias aéreas), permitindo que a bile do estômago refluísse para os pulmões”, compartilhou o casal na Emmett’s Fight Foundation, o site de uma fundação sem fins lucrativos que eles criaram para educar outros pais sobre os perigos de baterias de botão.

    A bateria também queimou os nervos das cordas vocais de Emmett, disseram os Raunchs. Para lidar com as complicações de seus ferimentos, Emmett passou por seis cirurgias em cinco anos, incluindo a substituição de todo o esôfago usando uma parte do intestino.

    “Como mãe, eu relembro a manhã em que notamos a doença de Emmett todos os dias em minha mente. Como eu não sabia? Se eu apenas prestasse atenção ao tipo de pilhas e baterias que os controles remotos precisavam!”, Karla Rauch escreveu em um blog para o Hospital Infantil de Cincinnati, nos Estados Unidos.

    Baterias pequenas estão por toda parte

    As baterias de botão estão em todas as casas modernas, incluindo alguns lugares que você nem imagina, como enfeites animados ou piscantes, luzes de leitura e cartões musicais.

    Outros itens comuns que contêm baterias de lítio são calculadoras, termômetros digitais, velas sem chama, joias piscantes, jogos e brinquedos portáteis, aparelhos auditivos, ponteiros laser, bolas de luz, lanternas, mini controles remotos, contadores de passos e rastreadores atléticos, livros que contém áudios e, claro, chaveiros de carros e relógios inteligentes, de acordo com o Centro Nacional de Controle de Intoxicações dos EUA.

    O novo estudo analisou dados do Sistema Nacional de Vigilância Eletrônica de Lesões, da Comissão de Segurança de Produtos de Consumo dos EUA, que rastreia visitas a salas de emergência em mais de 100 hospitais no país.

    A análise constatou que a ingestão da bateria foi responsável pela maioria (90%) dessas visitas ao pronto-socorro relacionadas à bateria, seguida pela colocação de baterias no nariz (5,7%), nos ouvidos (2,5%) e na boca, sem engoli-las (1,8%).

    Embora não seja tão grave quanto a ingestão, as baterias de lítio presas em um ouvido ou nariz podem causar lesões significativas, como perfuração do septo nasal ou do tímpano, perda auditiva ou paralisia do nervo facial, de acordo com o relatório.

    O que os pais devem fazer?

    A prevenção é fundamental. Não insira ou troque as pilhas na frente de crianças pequenas – objetos brilhantes são atraentes para elas. Livre-se das baterias vencidas imediatamente e com segurança e guarde as baterias de reposição fora do alcance das crianças, recomendam os especialistas.

    “Tente escolher produtos com compartimentos de bateria que só abram com uma chave de fenda ou ferramenta especial, ou que tenham um fechamento seguro para crianças. No mínimo, use fita adesiva forte para manter o compartimento bem vedado contra mãos pequenas”, aconselhou o Hospital Infantil de Connecticut.

    Seja especialmente cauteloso com baterias do tamanho de um centavo ou maiores, recomenda o Centro Nacional de Controle de Intoxicações.

    “A célula de lítio de 20 mm de diâmetro é um dos problemas mais sérios quando ingerida. Essas células problemáticas podem ser reconhecidas por sua impressão (números e letras gravados) e geralmente possuem um destes 3 códigos: CR2032, CR2025, CR2016. Se forem ingeridas e não removidas imediatamente, essas baterias maiores podem causar a morte – ou queimar um buraco no esôfago do seu filho”, observou o centro.

    Sempre supervisione as crianças que estão brincando com um brinquedo ou dispositivo que contenha uma bateria de botão e eduque as crianças mais velhas sobre os perigos para que possam ajudar.

    E se você suspeitar que seu filho engoliu uma bateria – ou colocou uma no nariz ou no ouvido?

    O Centro Nacional de Controle de Intoxicações aconselha ligar para a emergência imediatamente: “Ação imediata é fundamental. Não espere que os sintomas se desenvolvam”, aconselhou o centro.

    Sinais de ingestão podem parecer que a criança engoliu uma moeda, então tenha cuidado, disseram os especialistas. O comportamento típico pode incluir chiado, baba, tosse, vômito, desconforto no peito, recusa em comer ou engasgos ao tentar beber ou comer. Mas para algumas crianças, como Emmett Rauch, pode levar dias até que os sintomas sejam graves o suficiente para serem percebidos.

    “Também é importante saber se um ímã foi ingerido junto com a bateria, pois isso poderia causar mais lesões. Radiografias de todo o pescoço, esôfago e abdômen da criança são normalmente necessárias”, de acordo com o Hospital Infantil do Texas.

    Se você suspeitar de ingestão, não faça seu filho vomitar, aconselha o Hospital.

    Não dê ao seu filho nada para comer ou beber até que um raio-x mostre que a bateria ultrapassou o esôfago, observou o Centro Nacional de Controle de Intoxicações.

    “As baterias presas no esôfago devem ser removidas o mais rápido possível, pois danos graves podem ocorrer em apenas 2 horas. Baterias no nariz ou no ouvido também devem ser removidas imediatamente para evitar danos permanentes”, aconselhou o Centro.

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