Entenda o que levou à amputação da mão de uma mãe no RJ, segundo o hospital
Hospital da Mulher de Jacarepaguá afirma que trombose venosa de veias musculares e subcutâneas levou à amputação do membro com o objetivo de salvar a vida da paciente
O Hospital da Mulher Intermédica Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, divulgou uma nota à imprensa com detalhes do caso de uma mulher, de 24 anos, que foi atendida na unidade em trabalho de parto e deixou o local com a mão amputada.
Gleice Kelly relatou que o parto foi rápido, mas logo quando a médica a estava costurando, percebeu uma quantidade de sangue excessiva. Ela afirma que as médicas avaliaram que ela estava tendo uma hemorragia. “Elas precisavam correr para fazer alguma coisa, eu tive que ir para a sala de parto sem acesso venoso nenhum. Quando eu desmaiei esse acesso foi colocado”, disse.
O hospital afirma que ao procurar a paciente e a sua advogada para prestar os esclarecimentos solicitados, foi informado que somente estariam disponíveis na próxima semana. Os detalhes do caso descritos pelo Hospital da Mulher de Jacarepaguá em nota foram divulgados após sindicância realizada com apoio de perícia independente especializada, segundo a unidade.
O hospital descreve que a paciente tinha histórico de múltiplas gestações, inclusive com algumas complicações, o que aumenta risco de hemorragia pós-parto, além de diabete gestacional. Segundo o hospital, o parto ocorreu sem intercorrência, tendo o bebê nascido vivo e em bom estado de saúde.
“A paciente apresentou quadro importante de hemorragia pós-parto, evoluindo para um choque hemorrágico grave secundário a atonia uterina e inversão uterina. Tal quadro é responsável por 60% de mortes maternas no período pós-parto: 45% destes óbitos ocorrem nas primeiras 24 horas. A hemorragia pós-parto é responsável por 25% de todas as mortes maternas no mundo, segundo a literatura medica”, prossegue a nota.
De acordo com o hospital, foram tomadas medidas imediatas para garantir a vida da paciente.
“O braço esquerdo foi imediatamente tratado desde os primeiros sinais de isquemia secundário ao choque hemorrágico, conforme consta no relatório médico. Todas as medidas e decisões tomadas priorizaram salvar a vida da paciente até que ela apresentasse melhores condições para transferência para um hospital de maior complexidade”, diz a nota.
O Hospital da Mulher de Jacarepaguá prossegue afirmando que a paciente recebeu assistência e recursos necessários na tentativa de preservar o braço esquerdo. “Porém, devido à irreversível piora do quadro com trombose venosa de veias musculares e subcutâneas, houve a necessidade de se optar pela amputação do membro em prol da vida da paciente”.
O hospital conclui a nota afirmando que afastou a liderança da unidade “objetivando a transparência nas apurações e reitera seu compromisso em continuar prestando assistência e dando o suporte necessário à paciente. As demais denúncias agora apresentadas também serão apuradas com critério e rigor”.
Cremerj abre sindicância
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) abriu uma sindicância para apurar o caso.
“Neste momento, o Conselho está verificando os fatos junto aos responsáveis técnicos do grupo NotreDame Intermédica. Após a conclusão da sindicância, um processo ético-profissional (PEP) poderá ser instaurado para julgar o ocorrido”, diz a nota do conselho.