Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Entenda o que é obstrução intestinal, motivo da nova internação de Bolsonaro

    Gastroenterologista André Zonetti explica o que caracteriza o quadro que levou o presidente a mais uma internação

    Raphael CoracciniRenata SouzaLudmila Candalda CNN

    Em São Paulo

    O presidente Jair Bolsonaro foi internado nesta segunda-feira (3) no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, para tratar uma obstrução intestinal. O gastroenterologista André Zonetti explicou em entrevista à CNN o que caracteriza o quadro que levou o presidente a mais uma internação.

    À CNN, Bolsonaro disse que passa bem e fará novos exames para definir possível cirurgia. Não há previsão de alta.

    A obstrução intestinal do presidente, segundo Zonetti, é parcial, e pode estar relacionada ao procedimento cirúrgico pelo qual o presidente passou após a facada durante a campanha eleitoral de 2018.

    “Você imagina que o intestino é como uma mangueira. Se você sutura essa mangueira, ela pode fechar um pouco na hora da cicatrização”, disse o especialista.

    Esse movimento de fechamento do órgão é conhecido como estenose e limita o funcionamento do intestino.

    Outra possibilidade é a criação de aderências no intestino que causam a obstrução. “Toda vez que tem um procedimento cirúrgico, podem acontecer essas aderências, que vão fazer com que a mobilidade do intestino seja um pouco prejudicada, permitindo que em algumas vezes ocorra esse quadro”, explicou.

    Há ainda uma terceira possibilidade para o quadro clínico de obstrução intestinal de Bolsonaro, segundo o gastroenterologista, que pode estar relacionado a um componente isquêmico.

    “Ele teve uma lesão da artéria principal, que irriga o intestino. Parte disso (da obstrução) pode ser em consequência de um suprimento sanguíneo ineficiente para essa parte do intestino”, acrescentou Zonetti.

    O especialista afirma que quadros como o de Bolsonaro costumam não requerer urgência, e que a ida do presidente ao hospital pode estar relacionada ao alívio dos incômodos que esse quadro causa. “Não tem uma urgência imediata, mas tem dor, então, precisa tratar cedo para melhorar esse desconforto”, avaliou.

    O tratamento, segundo Zonetti, não deve exigir nenhum procedimento cirúrgico. “O tratamento deve ser jejum, (introdução de) sonda nasogástrica e posteriormente a reintrodução gradativa da alimentação”, disse o especialista, destacando que um diagnóstico mais preciso requer conhecimento total do quadro de saúde do presidente.

    Ele afirma que o comportamento do presidente dificilmente pode ter causado o quadro, que é mais provável que isso seja uma decorrência comum do atentando e do procedimento cirúrgico ao qual o Bolsonaro foi submetido em 2018.

    “O presidente não tem como fazer ou deixar de fazer alguma coisa que vá reduzir esse risco (de apresentar um quadro de obstrução intestinal”, disse. “A princípio, sem conhecer o caso de perto, não é culpa dele, mas é, sim, um fato que se repete (por decorrência do histórico clínico)”, afirmou.