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    Entenda como as novas cepas influenciam alta de casos no Brasil

    Médico defende maior celeridade na vacinação para que as mutações não se repliquem tão rapidamente

    Fernanda Pinotti e Vinícius Tadeu*, da CNN em São Paulo

    As novas mutações das variantes P1, vista em Manaus, e P2, identificada no Rio de Janeiro, já estão tendo novas mutações no Brasil inteiro. A informação é do virologista e professor da Universidade Feevale, no Rio Grande do Sul, Fernando Spilk. Ele é o coordenador da rede Corona-ômica, que trabalha no sequenciamento dos vírus.

    “Nós já estamos encontrando as variantes, que são de alta transmissibilidade, com algumas mutações a mais”, afirma o professor. 

    Para Spilki, apesar da alta transmissibilidade das variantes, é preciso compreender o cenário atual da alta de casos como resultado de uma combinação de fatores. Isso inclui, também, regras de restrição de circulação de pessoas insuficientes e o próprio negacionismo da doença por parte da população.

    “Tivemos um nível de restrições e medidas que foram insuficientes para resguardar a população de um maior número de casos”, afirma.

    Segundo o médico, o comportamento de alguns jovens e adultos jovens está influenciando o crescimento da pandemia em estados muito atingidos, como o Rio Grande do Sul.

    “Temos a tendência de ver o problema e colocar a culpa na variante ou em um evento específico. Mas nós temos um acúmulo de ações que foram inadequadas”, diz Spilki. “Agora, seria o momento de tomar rédeas no sentido de acoplar uma intensificação da vacinação.”

    O infectologista do Hospital Emílio Ribas, Jamal Suleiman, corrobora com as ideias do virologista de que não se pode colocar a culpa da situação apenas na variante.

    “Podemos ter inúmeras variantes, basta o vírus circular. A impressão que passa é que o problema é a variante”, diz ele.

    “Mas são inúmeras variantes que vão emergir e cujo desenho nós não temos a menor ideia. Isso acontece porque isso não é mais uma onda, mas um tsunami e tomamos um grande ‘caldo’ dela”.

    Suleiman defende maior celeridade na vacinação para que as mutações não se repliquem tão rapidamente.

    “Se você consegue vacinar rapidamente esse contingente populacional, é possível reduzir a circulação do vírus. Com isso, reduz tamém a chance do crescimento dessas mutações, que podem fazer com que se perca a efetividade de algumas plataformas de vacina”, diz.

    As novas variantes, segundo os especialistas, ainda estão sendo estudadas e não é possível afirmar que, por possuírem maior carga viral, geram uma doença mais agravada. 

    “Nós temos visto uma carga viral sem dúvida, mais alta. Porém, não necessariamente é possível afirmar sobre gravidade. O que temos agora é um fenômeno de número, nós temos pacientes com mais carga viral, transmitindo por mais tempo e também ficando também mais tempo internados”, conclui Spilki.

    (Supervisão: Layane Serrano)

     

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