Em carta, Ernesto Araújo pediu a chanceler chinês ‘intervenção’ por insumos
Distante das negociações com a embaixada da China em Brasília, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, recorreu diretamente ao chanceler chinês em busca de ajuda para liberar a exportação dos insumos para produção das vacinas de Oxford e Coronavac no Brasil.
O pedido foi feito por meio de uma carta enviada por Ernesto a seu correspondente na China, Wang Yi, no último dia 15 de janeiro. A CNN teve acesso ao documento (veja abaixo), cuja autenticidade foi confirmada à coluna por fontes do Itamaraty e da embaixada chinesa no Brasil.

“Ficaria muito grato se pudesse contar com a intervenção de Vossa Excelência para a obtenção da autorização da referida exportação. Trata-se de insumos essenciais para a manufatura no Brasil de parte importante da cobertura vacinal de que os brasileiros necessitam”, escreveu Ernesto.
Na carta, o ministro brasileiro cita visita de comitiva de integrantes da Anvisa em setembro para atestar as boas práticas do laboratório chinês Sinovac, que produz a Coronavac, e do laboratório que produz o principal insumo para a vacina de Oxford/Astrazeneca.
Em um gesto aos chineses, o ministro das Relações Exteriores brasileiro também “reitera” sua “disposição em seguir trabalhando” com o chanceler chinês “na promoção das relações Brasil-China não só no domínio da saúde, mas em muitos outros terrenos”.
Segundo apurou a coluna com fontes do Itamaraty, a carta foi entregue pessoalmente ao chanceler chinês pelo embaixador brasileiro em Pequim, Paulo de Mesquita. Wang Yi já teria enviado uma carta resposta a Ernesto, dizendo que aliados estratégicos como o Brasil receberiam prioridade.
Nesta segunda-feira (25), o presidente Jair Bolsonaro anunciou que os insumos para produção da Coronavac devem chegar “nos próximos dias”. A expectativa do Ministério da Saúde é de que o carregamento chegue na sexta-feira (29) ou no sábado (30).
Por parte do governo chinês, porém, o comunicado foi feito por meio de uma carta enviada pelo embaixador chinês em Brasília, Yang Wanming, ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, como revelou o analista da CNN Caio Junqueira nesta segunda-feira.
Por decisão de Bolsonaro, Ernesto acabou ficando de fora da negociação com a embaixada chinesa em Brasília. O diálogo com os diplomatas chineses lotados no Brasil foi tocado por Pazuello e pelos ministros das Comunicações, Fabio Faria, e da Agricultura, Tereza Cristina.
