Em 24 horas, Manaus usou estoque de oxigênio para dez dias, diz prefeito
À CNN, prefeito David Almeida diz que situação na capital do Amazonas ainda é muito grave já que hospitais demandam dobro do insumo fornecido pela White Martins
O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante) afirmou nesta sexta-feira (15) que os hospitais estaduais e federais da cidade consumiram em 24 horas o equivalente a dez dias da reserva de oxigênio que a prefeitura havia feito para atender o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
“Como estávamos prevendo [o desabastecimento], fizemos uma reserva de oxigênio para 12 dias para ser usado no Samu. Ontem [quinta-feira], usamos o equivalente a 10 dias dessa reserva para socorrer unidades estaduais e federais e ajudar a minimizar o sofrimento”, disse Almeida, em entrevista à CNN.
Segundo o político, a situação na capital do Amazonas ainda é muito grave já que, em um cenário otimista, a empresa White Martins – que fornece oxigênio para hospitais da cidade – só consegue produzir metade do que é demandado pelas unidades de saúde da cidade.
“Sendo muito otimista, temos no máximo a oferta de 35 mil metros cúbicos de oxigênio [por dia] para uma demanda entre 70 mil metros cúbicos e 75 mil metros cúbicos [por dia]. Hoje, chegaram alguns cilindros trazidos pela Força Aérea [Brasileira (FAB)], com cerca de 5 mil m³ a 6 mil m³.”
Almeida disse esperar que nas próximas horas chegue à cidade uma balsa com carregamento de oxigênio suficiente para abastecer a cidade na atual taxa de demandada por cerca de um dia.
“A partir da chegada da primeira balsa, vai chegar uma balsa por dia. Além disso, estamos em contato com empresa de fora de Manaus que enviarão 300 mil metros cúbicos de oxigênio, mas por via terrestre. Gasta-se 4 dias para chegar até Porto Velho e mais 6 a 7 dias descendo pelo Rio Madeira para chegar até Manaus”, explicou.
De acordo com o prefeito, esse problema da falta de oxigênio não deve atingir outras cidades do país, já que ele foi potencializado pelas características de Manaus, de depender majoritariamente do transporte fluvial.
“Nenhuma cidade do Brasil vai ter esse problema do oxigênio. Vão ter problema da proliferação do vírus, mas não essa dificuldade em relação à logística do oxigênio porque têm o transporte terrestre, estão interligadas. Aqui, as estradas são nossos rios e as distâncias são muito grandes”, afirmou o político do Avante.
Para Almeida, a principal explicação para o colapso do sistema de saúde da cidade é o fato de Manaus ser uma espécie de cidade-estado na área da Saúde, já que todas os leitos de UTI do Amazonas ficam na capital – responsável por atender também moradores de 62 municípios do interior.
“O sistema colapsou, o vírus se propagou, a população não se resguardou”, disse. “Muitos trabalharam para derrubar um decreto que foi editado no final do ano passado e hoje sofremos as consequências dessa desobediência com relação ao distanciamento social. Muito do que sofremos hoje é consequência das festas do final de ano e da desobediência ao decreto editado no final do ano passado, quando eu ainda não era o prefeito”, completou.