É fundamental vacinar para evitar riscos de novas variantes, diz médica
Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), disse ainda que resultado da eficácia da Coronavac contra Ômicron é "excelente"
A vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, afirmou à CNN nesta quarta-feira (8) que é fundamental vacinar para evitar riscos de novas variantes do novo coronavírus. Na avaliação da médica, “já é consenso que vamos precisar de mais e mais doses”, ou seja, de um reforço vacinal periódico.
“O fundamental para não termos esse risco de vacinas não funcionarem ‘porque surgiu uma nova variante’, é vacinar. É isso que a população precisa entender. Nós ainda não temos 90% da população com duas doses, adequadamente vacinados. Iniciamos a dose de reforço, mas precisamos evoluir rapidamente, porque tem a possibilidade da Ômicron crescer no Brasil”, disse.
“O que faz surgir uma nova variante é a circulação do vírus. O vírus invade nossas células, se multiplica e é ali que vai transformar uma variante. Ter pessoas protegidas contra eles é o que diminui as chances de surpresas”.
Em entrevista à CNN, a também médica pediatra disse o que o resultado de um estudo divulgado nesta quarta-feira (8) que concluiu que a dose de reforço da Coronavac amplia em cerca de 20 vezes o nível de anticorpos capazes de combater a Covid-19 por todas as linhagens do vírus, incluindo a variante Ômicron, é uma “excelente notícia”.
“É uma excelente notícia. Os resultados indicam que a Coronavac com uma dose de reforço tem um aumento de proteção, por ser uma vacina com o vírus inativado, é muito importante”, disse. “Precisamos que seja submetido à Anvisa para avaliar os resultados”.
Segundo a médica, os pesquisadores precisam de mais tempo para perceber como a vacina reage às mutações do vírus.
“No início da Covid-19 a gente não sabia [como se comportar], e o tempo foi muito importante. A ciência é rápida, mas precisa minimamente de um tempo para respostas que queremos tanto”, afirmou.
Coronavac contra Ômicron
A dose de reforço da vacina Coronavac contra a Covid-19 amplia em cerca de 20 vezes o nível de anticorpos neutralizantes, que são aqueles capazes de combater a infecção por todas as linhagens do novo coronavírus, incluindo a variante Ômicron.
A informação foi dada nesta quarta-feira (8) pelo cientista Xiangxi Wang, pesquisador do Laboratório de Infecção e Imunidade do Instituto de Biofísica da Academia Chinesa de Ciências, durante um simpósio promovido pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica Sinovac.
Diversos estudos científicos mostraram que seis meses após a segunda dose das diferentes vacinas contra a Covid-19, a produção desse tipo de anticorpo apresenta uma queda. Por isso, laboratórios indicaram a necessidade de uma dose de reforço como mecanismo para incrementar a proteção contra os casos graves da doença.
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Posto de vacinação no Museu da República, no Catete, no Rio de Janeiro. Veja a vacinação contra a Covid-19 no Brasil e no mundo • Pedro Duran/CNN
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Enfermeira mostra vacina contra a Covid-19 para mulher no Rio de Janeiro • Mario Tama/Getty Images
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Enfermeira do SUS aplica vacina contra Covid-19 em homem em sua casa na Rocinha, no Rio, em uma das rondas frequentes que profissionais de saúde fazem na comunidade para imunizar pessoas que não querem ir ao posto • Mario Tama/Getty Images
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Vacinação contra a Covid-19 em São Paulo • Reuters/Carla Carniel
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Enfermeira na campanha de vacinação contra a Covid-19 na Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro • Fernando Souza/picture alliance via Getty Images
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Boris Johnson visita centro de vacinação contra a Covid-19 em Londres • Alberto Pezzali - WPA Pool/Getty Images
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Japonesa faz triagem para ser vacinada contra Covid-19 • Stanislav Kogiku - 2.ago.2021/Pool Photo via AP
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China vacina estudantes universitários contra a Covid-19 • Costfoto/Barcroft Media via Getty Images
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Alguns países já fazem a vacinação de adolescentes contra a Covid-19 • Getty Images (FG Trade)
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Enfermeira aplica vacina em Dhaka, Bangladesh, que pretende imunizar 10 milhões em uma semana • Maruf Rahman / Eyepix Group/Barcroft Media via Getty Images
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Cidade de Aue-Bad Schlema, na Alemanha, distribui cachorros-quentes gratuitamente para quem apresentar o cartão de vacinação • Hendrik Schmidt/picture alliance via Getty Images
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Vacinação contra Covid-19 em Nova Délhi, na Índia • Adnan Abidi/Reuters
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Homem de 45 anos é vacinado em posto drive-in na cidade de Bhubaneswar, na Índia • STR/NurPhoto via Getty Images
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Vacinação contra a Covid-19 em prisão em Harare, Zimbabwe • Tafadzwa Ufumeli/Getty Images
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Vacinação contra a Covid-19 em Dakar, no Senegal • Fatma Esma Arslan/Anadolu Agency via Getty Images
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Vacinação contra a Covid-19 em Bangcoc, Tailândia • Reuters/Athit Perawongmetha
De acordo com o pesquisador, as mutações presentes na proteína Spike — utilizada pelo vírus para invadir as células humanas, podem promover a resistência às vacinas. “Uma alternativa plausível para resolver essa questão é administrar a terceira dose da vacina entre seis e 12 meses após a segunda dose, para melhorar e estender a proteção”, afirmou o pesquisador em um comunicado.
Segundo Wang, análises conduzidas no laboratório com o plasma de indivíduos que receberam a terceira dose da Coronavac comprovaram que o imunizante é capaz de recuperar a produção de anticorpos neutralizantes.
Os aumentos registrados nos níveis de anticorpos foram de 17 vezes contra a variante Delta e contra a cepa original do coronavírus (de Wuhan), de 18 vezes contra a variante Alfa, de 19 vezes contra a linhagem Beta, e de 14 vezes contra a variante Gama.
De acordo com o pesquisador da Academia Chinesa de Ciências, a titulação de anticorpos neutralizantes se manteve depois de seis meses após a aplicação da dose de reforço.