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    É seguro ir à praia? Médica orienta sobre lazer após relaxamento de restrições

    Claudia Finkelstein destaca que a medicina ainda não sabe se a presença de anticorpos contra o novo coronavírus são sinal de imunidade

    Claudia Finkelstein, , da CNN*

    Nota do Editor – As opiniões expressas neste comentário são exclusivamente da responsabilidade do autor. A CNN publica aqui um texto do site The Conversation, uma colaboração entre jornalistas e acadêmicos para fornecer análises e comentários de notícias. O conteúdo é produzido exclusivamente pelo The Conversation.

    Mesmo que a gente esteja feliz por conseguir escapar do coronavírus, depois de ficar em casa praticando o distanciamento social e usando máscaras, não é hora de baixar a guarda. Os números de casos e mortes pela Covid-19 estão caindo em vários países, mas ainda não vivemos dias normais. Esses novos dias nos obrigam a tomar decisões com informações limitadas e em constante mudança. O coronavírus ainda está circulando.

    Como médica com mais de 30 anos de profissão, eu me vejo com certa ansiedade diante de decisões sobre recreação ao ar livre segura. A decisão de ir a uma praia, piscina ou parque era anteriormente bastante simples. Hoje, nem tanto.

    Por um lado, há muitas informações, algumas conflitantes e muitas inspiradas por ideologia política. Por outro, há uma falta de informação – já que ainda sabemos pouco sobre o “novo” coronavírus. Embora seja verdade que há um grande benefício em ficar ao ar livre nos dias de hoje, também é verdade que há riscos para você e para os outros ao fazê-lo.

    Como decidir se você e suas pessoas queridas podem fazer caminhadas ou ir à praia? Vamos começar com alguns fatos já conhecidos. Sabemos que o vírus pode ser transportado de forma assintomática e que há pessoas com risco desproporcionalmente alto de complicações graves.

    Nós, cientistas e médicos, ainda não sabemos se a presença de anticorpos é um indicativo de imunidade; portanto, um teste de anticorpos positivo não significa que é bom você ir sem riscos. Sabemos que o número de partículas de vírus às quais você está exposto e a duração da exposição são fatores vitais que determinam o risco de transmissão.

    Além disso, pelo menos um estudo ainda em fase de pré-impressão, que não foi revisado por pares, descobriu que o risco de exposição ao ar livre é muito menor do que em ambientes fechados.

    Mas eu quero sair

    Agora que quase todos os estados nos EUA e países da Europa se abriram novamente, em graus variados, é importante lembrar que o vírus ainda está lá fora. [No Brasil, alguns locais também diminuíram restrições]. O risco de ser infectado ao passar rapidamente ao lado de um corredor ou ciclista não é terrivelmente alto, pelo menos na ausência de um espirro ou tosse, e é ainda mais baixo à distância. As atividades solitárias transmitem menos partículas que os esportes coletivos ou as brincadeiras na piscina.

    Ir sozinho ou com as pessoas na sua bolha de quarentena minimizará seu risco. A proximidade de pessoas fora da bolha significa que você deve usar uma máscara adequadamente para proteger outras pessoas.

    A bolha de quarentena é uma abreviação para um pequeno grupo de amigos que você pode escolher para se reunir porque seguiram as diretrizes de distanciamento social e você sabe que não estão doentes. A segurança da sua bolha, no entanto, vai até o limite do acordo entre os membros de seguir as precauções de segurança fora da bolha.

    Veja a logística do seu plano. Vale a pena dividir a atividade ao ar livre em etapas básicas.

    Como chegar? Lembre-se de que o transporte público e as viagens aéreas ainda são de alto risco. E, se você estiver dirigindo por uma rodovia, pode precisar parar para ir ao banheiro. Seguindo a linha do “é melhor prevenir do que remediar”, se for percorrer longas distâncias de carro, traga sua própria comida e água, bem como um kit de higiene contendo lenços umedecidos, toalhas de papel, sabonete e álcool em gel.

    O que vou precisar enquanto estiver lá? Pense na necessidade de pausas para ir ao banheiro, de contar com a própria comida e água e da possibilidade de lavar as mãos e manter distância. Banheiros e vestiários estão cheios de superfícies com “alto índice de toque” e, enquanto faltam informações definitivas, as evidências iniciais demonstram a persistência do vírus nas superfícies. Você deve tratar os banheiros públicos como áreas de alto risco e ter em mente que muitos podem nem estar abertos.

    Quando chegar ao seu destino, lembre-se das medidas básicas de proteção contra o coronavírus:

    • Mantenha uma distância de pelo menos um metro e meio de outras pessoas.

    • Lave e desinfete as mãos frequentemente – e sempre depois de tocar em qualquer superfície compartilhada.

    • Não toque seu rosto.

    • Use uma máscara.

    • Se estiver em um parque, caminhe em fila única e deixe espaço para que outras pessoas passem a uma distância segura.

    • Considere ir fora do horário de pico e para locais menos populares.

    • Se for à praia, você ainda precisará usar uma máscara. E manter distância.

    • Ao ir para uma piscina, lembre-se de que, embora não exista evidência de propagação pela água tratada de acordo com as recomendações, as áreas comuns exigem distanciamento, máscaras e outras precauções usuais.

    Pense sempre na localização. A prevalência do vírus e a curva de propagação da pandemia – se os casos estão aumentando ou diminuindo – na sua área são importantes. Além disso, a disponibilidade de testes e de leitos hospitalares na sua área precisa ser considerada.

    Você deve levar em conta as leis locais, entendendo que essas regras nem sempre refletem as diretrizes de saúde pública. Em caso de dúvida, é melhor errar por excesso de cautela e se proteger ainda mais.

    Fatores fora de seu controle

    Finalmente, existe o enigma de descobrir o que as pessoas ao seu redor farão para protegê-lo – assim como você, ao se proteger, também protege os que estão em seu entorno. Será que vão respeitar seu espaço e usar máscaras? Qual é o ensinamento final sobre recreação ao ar livre? Claro, saia e seja ativo. É importante para sua saúde mental e física. Mas faça isso de maneira inteligente, esteja preparado e fique seguro.

     

    *Claudia Finkelstein é professora associada de Medicina de Família na Michigan State University. Republicado sob uma licença Creative Commons do The Conversation .

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