‘É macabro fazer festa e achar normal 3 mil mortes por dia’, diz infectologista
Jamal Suleiman, do Instituto Emílio Ribas, critica jovens que estão indo para festas clandestinas e faz um apelo para que as pessoas fiquem em casa
O infectologista do Instituto Emílio Ribas Jamal Suleiman afirmou, neste domingo (14), que as pessoas não deveriam achar normal o grande número de mortes por conta da Covid-19, a ponto de querer frequentar as festas noturnas mesmo com as recomendações de isolamento social por parte das autoridades.
“Aguarda um pouco mais, segura esse desejo para que a gente possa, de fato, comemorar. Neste momento, seria até macabro esse tipo de situação. Eu não posso comemorar a morte de 3 mil pessoas em um dia achando que isso é a coisa mais natural do mundo. Ainda que não seja com a sua família, isso não é natural”, disse o médico que está na linha de frente contra a pandemia.
Suleiman afirmou que não espera uma melhora da situação no Brasil nos próximos meses: “Eu não consigo ver uma perspectiva a médio ou curto prazo em que a gente possa respirar de maneira mais tranquila”. Ele também fez um apelo para que as regras de isolamento social sejam cumpridas: “É importante que a sociedade, de maneira organizada, atenda à recomendação que visa protegê-la. Não atenda a recomendação que visa jogá-la no precipício”.
O médico ressaltou que devem sair de casa apenas as pessoas que precisam resolver assuntos obrigatórios ou por conta de trabalho que necessita ser presencial.
“Neste momento de intensa crise, é preciso ficar em casa. Se você não tem coisas que você obrigatoriamente precisa fazer fora, fique em casa. Porque a gente só consegue ver o resultado depois de, no mínimo, 14 dias. Se a gente não conseguir reverter isso, o que vai acontecer é uma catástrofe de proporções muito maiores do que estamos vendo hoje”, alerta.
Segundo ele, a melhor estratégia ainda é o uso correto das máscaras. “Use a máscara sem tirar um minuto”.
“O fato de termos este número obsceno de mortes deve servir, no mínimo, como um alerta para as pessoas falarem: opa eu acho que agora eu preciso me tocar e tomar cuidado. Se você não fez isso nos últimos doze meses, ainda dá tempo”, concluiu.