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    Doença de Lyme: entenda a condição que afeta Justin Bieber

    Conheça os sinais e sintomas, forma de transmissão, tratamento e prevenção da infecção bacteriana transmitida por carrapatos

    Justin Bieber durante evento no Metropolitan Museum of Art em Nova York
    Justin Bieber durante evento no Metropolitan Museum of Art em Nova York Foto: Mario Anzuoni/Reuters

    Lucas Rochada CNN

    São Paulo

    A doença de Lyme é causada por uma bactéria, Borrelia burgdorferi, transmitida por carrapatos do gênero Ixodes.

    Embora os casos da doença estejam concentrados em certas áreas endêmicas, os focos da doença de Lyme encontram-se amplamente distribuídos nos Estados Unidos, Europa e Ásia. No Brasil, os estados de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Norte e Amazonas têm relatado casos isolados, segundo o Ministério da Saúde.

    Nesta semana, o cantor canadense Justin Bieber, 28, anunciou adiamento de shows devido a condições de saúde sem mais detalhes. Em 2020, Bieber revelou que sofre da doença de Lyme. A cantora Avril Lavigne, 37, que também convive com a doença, revelou o diagnóstico em 2015.

    Em vídeo publicado na sexta-feira (10) no Instagram, o cantor revelou que os problemas de saúde, que incluem paralisia facial, estão relacionados à síndrome de Ramsay Hunt, doença que atinge o funcionamento dos nervos periféricos, associada ao vírus varicela-zoster.

    Os sinais incluem pequenas lesões na pele de coloração avermelhada, no local da picada do carrapato, que podem aumentar de tamanho. O sinal é um importante marcador clínico para a suspeita diagnóstica e alerta à vigilância epidemiológica. À medida que a área se expande até 15cm (limites de 3 a 68cm), a lesão assume característica anelar, quente e raramente dolorosa.

    “É importante dividir os sintomas da doença em duas fases. A fase aguda nas primeiras semanas após a infecção e a fase tardia ou crônica da doença, com sintomas mais graves e de maior preocupação”, afirma a médica infectologista Carla Kobayashi, do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo.

    A doença também pode levar a sintomas como mal-estar, febre, dor de cabeça, rigidez de nuca, dores musculares, dor articular e inchaço dos gânglios linfáticos. Os sinais e sintomas podem durar várias semanas, principalmente nos casos sem tratamento.

    Riscos de complicações

    As principais complicações da doença de Lyme são agravamentos neurológicos, cardíacos e articulares.

    Indivíduos não tratados podem apresentar manifestações neurológicas (15% dos casos), tais como meningite asséptica, inflamação do cérebro (encefalite), coreia (movimentos involuntários repetitivos, breves e irregulares) e paralisia facial.

    De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 8% dos pacientes desenvolvem comprometimento cardíaco com arritmia cardíaca, inflamação do músculo do coração (miopericardite) e evidências de disfunção no bombeamento do sangue.

    Após semanas a dois anos do início da doença, cerca de 60% dos pacientes podem desenvolver artrite, em geral caracterizada por crises intermitentes de inchaço e dor nas articulações.

    Transmissão e diagnóstico da doença

    A doença de Lyme é transmitida a partir da picada das ninfas do carrapato, que ficam aderidas à pele em busca de sangue por 24 horas ou mais. A doença não é transmitida a partir do contato entre pessoas, sendo incomum a transmissão da mãe para o bebê durante a gestação, segundo o Ministério da Saúde.

    O período de incubação varia de 3 a 32 dias (em média, 7 a 14 dias) e vai desde a exposição ao carrapato até o aparecimento da lesão na pele. Pacientes que não apresentam a lesão na pele na fase inicial ainda podem manifestar o sintoma anos mais tarde.

    O diagnóstico da doença de Lyme é realizado com base na identificação dos aspectos clínicos da doença em pacientes que relatam possível exposição à picada do carrapato associados aos testes laboratoriais.

    A bactéria causadora da doença pode ser identificada a partir da análise laboratorial realizada a partir da coleta de amostra da lesão na pele. Apesar de definitivo, o método não é tão preciso devido à dificuldade para identificação da bactéria nas amostras.

    Testes de sorologia são os métodos mais utilizados para o diagnóstico. Em geral, os anticorpos específicos para a doença podem atingir o pico entre 3 e 6 semanas. A falta de padronização quanto às técnicas aumenta a cautela quanto à interpretação dos testes. Pacientes que recebem tratamento precoce podem apresentar sorologia negativa, por exemplo.

    Tratamento

    Por ser uma doença causada por bactéria, o tratamento é realizado com o uso de antibióticos. De acordo com o Ministério da Saúde, os medicamentos recomendados para o tratamento de adultos são doxiciclina e amoxicilina. Para crianças com menos de 9 anos, deve ser utilizada a amoxicilina.

    Em pacientes com manifestações neurológicas, pode ser utilizada penicilina ou ceftriaxona. Para indivíduos alérgicos à penicilina, deve ser usada eritromicina.

    “As complicações correspondem principalmente à fase tardia da doença, que pode se estender por meses – principalmente se não tratada. O parâmetro de cura é a melhora completa dos sintomas. Uma vez que os anticorpos podem persistir no sangue por um longo período”, diz Carla.

    Vigilância e controle da doença

    Por ser uma doença rara em território brasileiro, ela é caracterizada como agravo inusitado, sendo, portanto, de notificação compulsória e investigação obrigatória.

    A vigilância epidemiológica tem por objetivo a detecção de casos suspeitos ou confirmados, visando o início precoce do tratamento para evitar complicações. O monitoramento também busca a identificação de focos, por meio da investigação, para que sejam realizadas medidas de educação em saúde para reduzir os riscos de novas infecções.

    Segundo o Ministério da Saúde, as medidas de investigação epidemiológica incluem a busca ativa de casos e verificação da extensão da área onde os carrapatos transmissores estão presentes.

    O controle da doença também considera ações de educação em saúde sobre o ciclo de transmissão, com orientações para moradores e trabalhadores de áreas afetadas para as medidas de prevenção.

    Prevenção

    Os cuidados incluem a utilização de roupas claras, de mangas compridas, uso de repelentes nas partes descobertas da pele e nas bordas das roupas. Além da observação frequente da pele, em busca da presença dos carrapatos.

    A retirada dos carrapatos deve ser feita com as mãos protegidas (luvas ou sacos plásticos) e uso de pinças de maneira suave. Deve-se evitar que o carrapato seja esmagado ou que parte dele permaneça aderida à pele. O ministério não recomenda isolamento dos pacientes.