Dieta baseada no DNA pode reduzir risco de diabetes tipo 2, sugere estudo
Pesquisadores descobriram que uma dieta desenvolvida com base em fatores genéticos pode ser mais eficaz do que uma dieta regular; mais estudos são necessários
É consenso que uma alimentação saudável e equilibrada é uma forma de prevenir o desenvolvimento de doenças crônicas e metabólicas. Agora, um novo estudo sugere que uma dieta personalizada de acordo com o DNA de um indivíduo pode ajudar a controlar os níveis de açúcar no sangue e reduzir as chances de diabetes tipo 2.
O trabalho foi publicado na revista científica Scientific Reports, no início de março. Os pesquisadores queriam entender se uma dieta baseada na genética de cada paciente poderia ser benéfica para reduzir o risco de desenvolver a doença crônica.
O diabetes tipo 2 é caracterizado pela resistência à insulina, hormônio que regula o nível de açúcar no sangue. Estudos anteriores já haviam sugerido que fatores genéticos estão relacionados a um risco maior de desenvolver diabetes e, com isso, algumas mudanças de hábitos podem ajudar pessoas que estão nesse risco, como uma dieta pobre em açúcares e ultraprocessados, e rica em verduras, legumes, proteínas e carboidratos complexos.
Como o estudo foi feito?
Para o estudo, os pesquisadores recrutaram 148 indivíduos com níveis elevados de açúcar no sangue e realizaram testes medindo a glicose em jejum e a hemoglobina glicada. Além disso, os participantes tiveram que preencher um questionário para fornecer detalhes sobre a dieta e o consumo regular de alimentos específicos.
Em seguida, os participantes foram divididos em três grupos: controle (que recebeu orientação de um nutricionista sobre a alimentação, com base nas orientações no NICE, instituto de saúde do Reino Unido), de intervenção (que recebeu a orientação de um nutricionista e um plano alimentar adaptado ao DNA) e exploratório (que não recebeu nenhum treinamento e utilizou um aplicativo para seguir a dieta por conta própria).
O app permitiu que os participantes digitalizassem o código de barras dos produtos que consumiam e recebessem sugestões de alimentos e bebidas com base em seu DNA durante as compras. Os pesquisadores reavaliaram os níveis de glicemia em jejum e hemoglobina glicada mais três vezes durante o experimento, com intervalos de 6, 12 e 26 semanas.
Ao final desse período, as pessoas que seguiam uma dieta baseada no DNA (através da orientação nutricional ou do uso do aplicativo) apresentaram melhorias nos níveis de açúcar no sangue em comparação com o grupo controle, que não seguiu essa dieta especial.
Com isso, o estudo sugere que uma dieta personalizada de acordo com características genéticas de cada um pode ser mais eficaz para reduzir as chances de desenvolver diabetes tipo 2.
“Antes da progressão para diabetes tipo 2, as pessoas e seus profissionais de saúde têm a oportunidade de reduzir o risco. As orientações do NICE para a mudança de estilo de vida – por exemplo, a inclusão de frutas, vegetais, gorduras saudáveis e cereais integrais – são baseadas em evidências e são eficazes para uma população, mas as nossas descobertas sugerem que a personalização através da adaptação genética dos conselhos dietéticos a um indivíduo pode ter um impacto ainda maior. efeito maior”, afirma Nick Oliver, professor e consultor clínico em diabetes e endocrinologia do Imperial College London, e autor sênior do estudo, em comunicado.
No entanto, os pesquisadores ressaltam que o estudo possui limitações e que mais pesquisas devem ser feitas para confirmar os achados, com um grupo de participantes maior, em métodos randomizados e controlados.