Diagnóstico precoce e prevenção podem desacelerar aumento do diabetes
Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) indica que 62 milhões de pessoas vivem com a doença nas Américas; número deve chegar a 109 milhões até 2040
Cerca de 12,3 milhões de pessoas vivem com diabetes no Brasil, de acordo com estimativas do Ministério da Saúde. A previsão é de que o número de casos aumente, segundo relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que indica que 62 milhões de pessoas vivem com a doença nas Américas. Esse número deve chegar a 109 milhões até 2040.
Outro dado que chama a atenção da Opas é que, dos 62 milhões de pessoas com diabetes, 40% não sabem que têm a doença e 284 mil morreram em decorrência dela em 2019. As causas desse aumento expressivo, de acordo com o relatório, estão ligadas ao crescimento dos fatores de risco como o sobrepeso, a obesidade e falta de exercícios físicos pela população.
Uma das formas de combater o avanço do diabetes é o diagnóstico precoce e a prevenção, não somente para a adoção de medicamentos, mas para a promoção de hábitos mais saudáveis, de acordo com o professor Luiz Osório Silveira Leiria, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP).
Diabetes é uma síndrome metabólica e multifatorial que faz com que o organismo desenvolva defeitos na ação ou produção da insulina. A condição é caracterizada pela hiperglicemia crônica, que é o aumento dos níveis de açúcar no sangue e se desenvolve por meio de fatores genéticos, biológicos e ambientais. Pode ser classificado como diabetes tipo 1 ou tipo 2.
No diabetes tipo 1, o organismo perde sua capacidade de metabolizar a glicose (açúcar). O diagnóstico é precoce e normalmente acomete crianças e adolescentes. Além disso, o fator hereditário, que é quando há histórico familiar, pode contribuir também. Já o diabetes tipo 2 se caracteriza pela resistência da insulina, se apresenta de maneira gradativa e é mais comum em adultos com hábitos inadequados que resultam no excesso de peso, dislipidemia (gorduras no sangue) e hipertensão. Esse tipo de diabetes não é comum em crianças.
“Diabetes tipo 1 é caracterizada pelo aumento do fluxo de urina, da frequência de micção e sede, e diabetes tipo 2 pode ser observada por alterações de tolerância à glicose, diagnosticada por meio do monitoramento periódico da glicemia”, afirma o professor.
Além disso, o especialista esclarece que a obesidade e uma alimentação desequilibrada são fatores ligados à progressão do diabetes. A adoção de um estilo de vida saudável, com práticas de exercícios físicos regulares e uma dieta balanceada, são fundamentais para prevenção e controle da doença.
Diferenças entre os tipos 1 e 2
O diabetes tipo 1, segundo o professor da USP, é uma doença autoimune, na qual o organismo desenvolve anticorpos contra componentes do próprio corpo, como a insulina, ligada ao início da vida, geralmente desenvolvida entre a infância e a adolescência.
A falta de insulina leva ao aumento da glicemia no organismo. A doença geralmente se apresenta na infância ou na adolescência e, entre os sintomas da diabete tipo 1, estão formigamento em pernas e pés, feridas que demoram a cicatrizar e fungos nas unhas. Sede constante, boca seca, vontade de urinar a toda hora e perda de peso também são considerados sintomas.
Já no tipo 2, o corpo até produz insulina, mas a substância não consegue agir no organismo devido a uma resistência causada pelo excesso de gordura abdominal. “Diabetes tipo 2 é uma doença de progressão lenta, que geralmente ocorre em idades mais avançadas, sendo consequência de uma combinação entre fatores genéticos e um estilo de vida menos saudável”, diz Leiria.
Sinais da doença
O diabetes pode atingir qualquer pessoa, de todas as idades. No entanto, fatores de risco podem contribuir para o desenvolvimento da doença, como a presença de pessoas com diabetes na família, comportamentos sedentários, obesidade, hipertensão arterial e idade acima de 45 anos.
Entre os sintomas que podem indicar a presença da doença estão: fome frequente, sede intensa, desânimo, fraqueza, sonolência, tontura, perda de peso, urina em excesso, dificuldade na cicatrização de feridas e infecções frequentes. Para cada tipo do diabetes, os sintomas podem variar, o que indica a necessidade de atendimento médico para esclarecimento do quadro clínico.
O tratamento da doença pode ser feito tanto com insulina quanto com a medicação oral. Segundo o Ministério da Saúde, a insulina costuma ser usada para tratar o diabetes do tipo 1, embora sirva para alguns casos de tipo 2, como quando o pâncreas começa a não produzir mais o hormônio em quantidade suficiente.
Já a medicação oral é usada no tratamento de diabetes tipo 2 e, dependendo do princípio ativo, tem o papel de diminuir a resistência à insulina ou de estimular o pâncreas a produzir mais desse hormônio.
Sem o tratamento adequado, a doença pode levar a complicações como problemas neurológicos, na visão, nos rins, nos pés e nas pernas, além de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC).
(Com informações de Vinicius Botelho, do Jornal da USP)