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    Dia Mundial do Veganismo: veja 7 mitos e verdades sobre a dieta

    Pessoas veganas não consomem nenhum produto de origem animal, seja na dieta, roupas ou cosméticos

    Fernanda Pinottida CNN

    O Dia Mundial do Veganismo é celebrado nesta sexta-feira (1º). A data, instituída pela Sociedade Vegana e referendada pela Assembleia Geral da ONU em 1994, tem como objetivo popularizar os ideais do veganismo, que defende uma alimentação baseada em plantas e o fim da exploração animal.

    As pessoas veganas não apenas não comem carne, como também não se alimentam de nada e não consomem nenhum produto que tenha origem animal. A restrição vai além da dieta e também passa por cosméticos, roupas e opções de entretenimento que exploram animais, como rodeios, por exemplo.

    Mesmo ganhando cada vez mais adeptos, a dieta ainda é vista com preconceito por alguns e acaba sendo alvo de desinformação sobre seus benefícios e riscos. Por isso, a CNN consultou especialistas para esclarecer algumas dessas dúvidas.

    7 mitos e verdades sobre o veganismo

    1. Dieta vegana é sempre mais saudável: MITO

    Deixar de comer carne e produtos de origem animal, como ovo ou leite, não garante uma dieta saudável, principalmente para aqueles que decidem substituir esses alimentos com ultraprocessados à base de plantas.

    “Muitos desses produtos produzidos a partir de plantas, especialmente as carnes, são considerados alimentos ultraprocessados, isto é, são formulações industriais fabricadas a partir de substâncias extraídas ou derivadas de outros alimentos (neste caso, as plantas) e sintetizadas em laboratório (com corantes, aromatizantes, conservantes e aditivos)”, explicou Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).

    O processamento é o que faz com que estes alimentos ganhem texturas mais similares aos produtos que se propõe a substituir, como a carne, mas também faz com que sejam menos saudáveis que alimentos in natura – ultraprocessados estão ligados a aumento nos riscos de certos problemas de saúde, como obesidade, colesterol e doenças cardiovasculares.

    “A melhor opção para aqueles que desejam abandonar os produtos de origem animal de maneira realmente saudável é apostar nas preparações caseiras de alimentos vegetais in natura”, acrescentou Garcez.

    2. Suplementos são indicados para pessoas veganas: VERDADE

    A médica Marcella Garcez disse que é possível seguir uma dieta vegana que conte com todos os nutrientes necessários ao organismo, desde que ela seja bem planejada. Mesmo assim, podem ocorrer carências de alguns elementos no corpo.

    “As mais frequentes nos casos de pessoas vegetarianas e veganas são as carências de proteínas, vitamina B12, cálcio e ferro”, segundo Garcez. “Mas a suplementação mais recomendada é da vitamina B12, cujas principais fontes são de alimentos de origem animal.”

    Embora alguns tipos de alga contenham a vitamina, ela geralmente está em quantidade insuficiente, o que quer dizer que a suplementação costuma ser indicada.

    3. Cosméticos veganos são menos eficazes: MITO

    Cosméticos veganos costumam ser definidos como aqueles que não possuem ingredientes de origem animal, nem subprodutos de animais e que não são testados em animais.

    Segundo Maria Eugênia Ayres, farmacêutica e gestora técnica da Biotec Dermocosméticos, os benefícios de cosméticos veganos costumam ser os mesmos que os de tradicionais.

    “Eles ajudam a hidratar, retardar sinais de envelhecimento e fazer tudo aquilo que os convencionais fazem, mas sem utilizar produtos de origem animal. Para isso, utilizam equivalentes químicos e vegetais, garantindo os cuidados da pele e da beleza”, explicou Ayres.

    4. Dieta vegana faz o cabelo cair: MITO

    Se bem estruturada, uma dieta vegana não vai interferir na saúde capilar. “No entanto, falta de proteínas, ferro, zinco e vitaminas podem ocasionar eflúvio telógeno, ou seja, a queda dos fios“, disse Marcella Garcez. 

    Segundo ela, dois aminoácidos essenciais estão ligados à saúde do cabelo: a metionina e a lisina. E uma dieta vegana precisa contar com alimentos ricos nesses componentes para evitar a queda dos fios, como feijão, lentilha, brotos, soja, grão-de-bico, quinoa, amêndoa, nozes e castanha-do-Pará.

    Uma boa notícia é que a combinação mais tradicional da mesa brasileira já costuma garantir os dois: o arroz é rico em metionina e o feijão é rico em lisina.

    A falta de vitamina B12 também representa uma das principais causas de queda capilar nos veganos e vegetarianos, e pode ser reposta através de suplementos orais.

    5. Dieta vegana pode influenciar na fertilidade: DEPENDE

    A dieta por si só não interfere na fertilidade, mas a falta de algumas vitaminas e nutrientes podem afetar o corpo de maneira a dificultar a concepção. Por isso é importante manter o acompanhamento médico e suplementar a alimentação caso necessário.

    “Se houver, por exemplo, baixa ingestão proteica ou de ômega-3, isso pode afetar a qualidade do óvulo”, disse Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva e diretor clínico da Neo Vita. “No entanto, sabemos que existem fontes vegetais desse nutriente nas sementes de chia e linhaça e em oleaginosas, como nozes. Os veganos devem se atentar a isso.”

    6. Dietas veganas não são indicadas para gestantes ou crianças: MITO

    “Em resumo, as dietas veganas são seguras para grávidas e crianças, mas necessitam de um acompanhamento muito bom com um médico nutrólogo ou com um nutricionista”, disse Fernando Prado.

    O médico ainda ressaltou que as vitaminas encontradas apenas em fontes animais – como a vitamina B12 e a vitamina D – podem ser repostas através da suplementação.

    Dentre os nutrientes essenciais tanto para gestantes, como para o desenvolvimento de crianças estão: ferro, cálcio, vitamina B12, vitamina D, ômega 3, entre outros.

    “Além do ácido fólico, que é fundamental para a formação do sistema nervoso central do bebê, então a dieta vegana da gestante tem que ser bastante completa com vegetais de folhas verdes e ainda assim a gente repõe com vitamina extra, porque é uma vitamina fundamental”, acrescentou ele.

    7. É impossível consumir proteína suficiente sem comer carne: MITO

    Segundo Marcella Garcez, é plenamente possível consumir a quantidade adequada de proteína mesmo sem comer carne ou produtos de origem animal, desde que a dieta seja planejada e variada.

    A médica ainda listou os melhores alimentos de origem vegetal para substituir a carne em relação à quantidade de proteínas ingeridas:

    • Leguminosas: feijão, lentilha, grão-de-bico e ervilhas são ricos em proteínas e fibras. Combinados com grãos cereais, como arroz, milho, trigo ou quinoa, ajudam a fornecer um perfil completo de aminoácidos;
    • Soja e derivados: produtos como tofu, tempeh e edamame são fontes interessantes de proteína, oferecendo todos os aminoácidos essenciais;
    • Quinoa: grão pseudocereal versátil que também contém todos os aminoácidos essenciais, uma ótima opção de proteína para dietas veganas;
    • Sementes e oleaginosas: sementes de chia, abóbora, linhaça e girassol, além de amêndoas, nozes e castanhas, são fontes de proteínas e gorduras saudáveis, além de uma opção que também oferece todos os aminoácidos essenciais, mesmo que em menor quantidade;
    • Cereais integrais: aveia, cevada, trigo-sarraceno, arroz, milho e amaranto contêm proteínas e, quando combinados com leguminosas, ajudam a atingir um perfil proteico completo;
    • Vegetais verdes escuros: espinafre, brócolis e couve, embora não sejam tão ricos em proteínas quanto as leguminosas, também contribuem para a ingestão proteica diária;
    • Proteínas vegetais em pó: suplementos de proteína de ervilha e arroz ou misturas de proteínas vegetais podem ser usados para complementar a ingestão de proteínas em dietas mais estritas.

    *Com informações de Flávio Ismerim, da CNN

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