Dia Mundial do Coração: casos de doenças cardíacas crescem entre jovens; entenda
Entre os fatores de risco estão fatores relacionados ao aumento estão estresse, má alimentação, sedentarismo e, até mesmo, poluição do ar, segundo especialista
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o Brasil teve um aumento de 62% nas mortes de mulheres de 15 a 49 anos por infarto, entre 1990 e 2019. Na faixa etária de 50 a 69 anos, o número quase triplicou, com alta de aproximadamente 176%. Para alertar sobre os fatores de risco e formas de prevenção, é reconhecido neste domingo (29) o Dia Mundial do Coração.
De acordo com especialistas, entre os fatores relacionados ao aumento dos casos de doenças cardiovasculares em jovens estão estresse, má alimentação, sedentarismo e, até mesmo, poluição do ar. Segundo o cardiologista Rafael Domiciano, coordenador de cardiologia do Hospital e Maternidade São Luiz Anália Franco, da Rede D’Or, quase 10% das mortes por complicações cardiovasculares ocorrem em pessoas com menos de 35 anos.
“Não é raro vermos infartos e outras doenças do coração em jovens, e isso está diretamente ligado a fatores como hipertensão, diabetes, tabagismo, ansiedade, obesidade e histórico familiar”, explica o médico. Esses fatores, associados ao estilo de vida moderno agitado, têm criado uma “tempestade perfeita” para o aumento das doenças cardiovasculares entre jovens, segundo o especialista.
“As pessoas têm priorizado o trabalho e outras responsabilidades, deixando de lado a prevenção. Isso tem nos preocupado”, afirma Domiciano. Sedentarismo, alimentação inadequada e hábitos prejudiciais à saúde, como o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, também estão entre os responsáveis para a deterioração da saúde cardiovascular em pessoas mais jovens.
“Muitos jovens não se dão conta dos riscos porque não fazem acompanhamento médico regular. Quando combinamos esses fatores com o estresse e a ansiedade, o risco de um ataque cardíaco precoce aumenta significativamente”, alerta o médico.
Dados da SBC apontam ainda que, de janeiro até o início de setembro de 2024, mais de 271 mil pessoas morreram em decorrência de infartos, acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e outras complicações cardíacas. Esse número é quase o dobro das mortes causadas por câncer, três vezes mais do que as provocadas por acidentes e violência, e seis vezes maior que as mortes por infecções, como a Aids.
Quais são os principais sintomas de doenças cardiovasculares?
Os sintomas de doenças cardiovasculares costumam se manifestar na ocorrência de ataques cardíacos, AVCs ou outras complicações cardíacas. São eles:
- Dor no peito;
- Dor ou desconforto nos braços, ombro esquerdo, cotovelos, mandíbula ou costas;
- Dormência na face, braços ou pernas, especialmente de um lado do corpo;
- Confusão mental;
- Dificuldade para andar;
- Dor de cabeça intensa;
- Desmaio ou inconsciência.
Como prevenir doenças cardiovasculares?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% das mortes por doenças cardiovasculares poderiam ser evitadas com hábitos mais saudáveis, como o controle do colesterol, que se acumula nas artérias e pode causar entupimentos, aumentando o risco de ataques cardíacos e AVCs.
Por isso, a prevenção de doenças cardiovasculares inclui a prática de atividade física regular, manter uma alimentação saudável e equilibrada, com pouco consumo de gordura, frituras e açúcar, além de controlar estresse, ansiedade e outros fatores relacionados à saúde mental.
“Todos devem buscar um acompanhamento médico regular, mesmo os jovens e pessoas aparentemente saudáveis. O colesterol alto, por exemplo, não afeta apenas quem está acima do peso. Atividades físicas, uma alimentação equilibrada e o controle do estresse podem salvar vidas”, orienta Domiciano.
O especialista destaca ainda que é fundamental realizar exames preventivos, como a medição da pressão arterial e os testes de glicose.
“Prevenção é a chave para mudar esse cenário. Com um diagnóstico precoce e mudanças de hábitos, muitas dessas doenças podem ser evitadas”, finaliza.