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    Dia Internacional da Mulher: veja cinco pontos de atenção à saúde feminina

    Mulheres passam por mudanças significativas em cada fase da vida, que destacam a necessidade de cuidados preventivos específicos

    Lucas Rochada CNN , em São Paulo

    O Dia Internacional das Mulheres, celebrado nesta quarta-feira (8), destaca as conquistas sociais e os desafios existentes no combate à desigualdade de gênero.

    No contexto da saúde, as mulheres passam por mudanças significativas em cada fase da vida, que destacam cuidados para além da prevenção do câncer. Entre os principais estão a realização periódica de exames preventivos, principalmente contra o câncer de colo de útero e de mama, além da escolha por métodos contraceptivos, sem comprometer o bem-estar e a saúde.

    A realização de consultas ginecológicas permite a prevenção e o tratamento de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), enquanto a priorização da saúde mental, contribui para evitar transtornos psicológicos e para combater situações de vulnerabilidade.

    A manutenção de um estilo saudável de vida inclui ainda a prática regular de atividades físicas, uma boa conduta nutricional e o autocuidado. Algumas doenças são próprias do sexo feminino e o diagnóstico precoce é fundamental para um tratamento bem-sucedido.

    Saúde integral

    No Sistema Único de Saúde (SUS), a maior parte dos atendimentos se iniciam nos serviços da atenção primária, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Durante a consulta, se necessário, o médico solicita exames laboratoriais e de imagem, que também são ofertados pelo SUS. Após avaliação médica dos resultados, a paciente pode ou não ser encaminhada para atendimento especializado na rede pública.

    “O motivo da busca da mulher ao consultório é para fazer check-up, fazer rastreamento de algumas doenças, se preparar para engravidar. Isso tudo está dentro do contexto do cuidado com a saúde da mulher, que vai desde cuidar das doenças que são as mais prevalentes em mulheres até prevenções de doenças”, afirma a médica ginecologista, Raquel Autran, responsável pela divisão de gestão do cuidado da Maternidade Escola Assis Chateaubriand, em Fortaleza, no Ceará.

    Manter hábitos saudáveis contribui para a prevenção de doenças. Uma alimentação balanceada com frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais, aliada à uma ingestão menor de gordura, ajudam a ter uma vida mais sadia. O Ministério da Saúde recomenda dietas que priorizem alimentos in natura e a redução do consumo de ultraprocessados.

    A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda de 150 a 300 minutos, no mínimo, de atividade aeróbica por semana para adultos saudáveis e uma média de 60 minutos por dia para crianças e adolescentes. Fazer uma atividade física ao menos 30 minutos por dia, manter o peso adequado à altura, diminuir o consumo de álcool e não fumar são algumas das recomendações que ajudam a prevenir doenças.

    “É importante se atentar para dieta e fazer sempre uma atividade física, isso começa na infância que isso é o que vai prevenir algumas doenças quando ela chegar em uma idade maior. Vale lembrar que as principais causas de mortalidade na mulher são as doenças cardiovasculares, e prevenção é praticar atividade física e fazer vistas ao profissional de saúde para avaliação”, afirma Raquel.

    1. Planejamento reprodutivo

    O planejamento reprodutivo é um importante recurso para a saúde das mulheres. Ele contribui para uma prática sexual mais saudável, possibilita o espaçamento dos nascimentos e a recuperação do organismo da mulher após o parto, melhorando as condições que ela tem para cuidar dos filhos e para realizar outras atividades.

    “Nesse ritmo de vida acelerado, não houve tempo sequer para as reflexões e questionamentos sobre a sincronia entre corpo, mente e ovários. E infelizmente, os ovários não acompanham a mulher da vida moderna. Com o passar dos anos, nossos óvulos diminuem em quantidade e em qualidade, por isso nossas chances de engravidar são cada vez menores e cada vez maior o risco de aborto associado com malformações embrionárias. Portanto, é fundamental termos a consciência de que a fertilidade feminina é finita e está extremamente atrelada a idade”, afirma a médica ginecologista Ana Flávia Hostalácio, da clínica de saúde feminina Oya Care.

    Para a especialista, conhecer o próprio corpo permite estabelecer planos reprodutivos a longo prazo.

    “O autoconhecimento nos da autonomia para decisões. Portanto, conhecer melhor o corpo, avaliar a reserva ovariana – o famoso ‘estoque de óvulos’, e acompanhar o ritmo dessa depleção, complementa a independência que ganhamos, em partes, na década de 60 no que tange o planejamento reprodutivo. Permite ter segurança em escolher o melhor momento para a maternidade, seja pela necessidade de antecipa-la, seja pela possibilidade de poder seguir os planos, ou pela escolha em preservar a fertilidade, como congelar óvulos, e me permitir pensar sobre isso somente lá na frente”, diz.

    A médica Raquel Autran afirma que, diante do desejo de engravidar, exames devem ser feitos para descartar doenças infecciosas.

    “Quando a mulher quer engravidar, precisamos principalmente afastar as doenças infecciosas. Ao chegar no consultório, ela fala do seu histórico, faz exames físicos e checagens de prevenção de doenças, como diabetes gestacional, doenças da tireoide, tudo isso identificado precocemente garante uma gravidez mais segura”, comentou Raquel.

    É importante que a mulher faça uma consulta quando antes dela iniciar um método. “Na consulta ela vai poder dizer o que quer para saber quais são os métodos mais eficazes. Vai avaliar doenças que ela possa ter, ou até mesmo na família, que possa contraindicar algum do tipo de método. O profissional de saúde poderá dar as opções para que ela possa escolher”, destacou Raquel.

    2. Saúde íntima

    Cuidados com a higiene íntima são essenciais para evitar o aparecimento de infecções, inflamações e muitos outros problemas de saúde, alerta a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Doenças genitais comuns podem colocar em risco a vulva, vagina e colo de útero.

    Uma das infecções vaginais mais frequentes é a candidíase que, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), atinge pelo menos 52% das mulheres brasileiras, ao menos uma vez na vida.

    “É uma doença bem comum no ciclo feminino, em que muitas vezes as mulheres têm a infecção recorrente, até por conta da falta de conhecimento sobre cuidados com a saúde íntima. Mas vale o alerta que nem tudo que coça é cândida, então é recomendado que sempre que tiver a dúvida, recorra ao médico para que seja comprovado com diagnóstico clínico laboratorial”, explica a médica ginecologista Marcia Terra Cardial, vice-presidente da Comissão Especializada em Trato Genital Inferior da Febrasgo, em comunicado.

    Outra doença habitual na rotina feminina e pouco conhecida é a vaginose bacteriana. “Nessa doença, a mulher sente um odor forte, semelhante ao de peixe, que ocorre pelo desequilíbrio vaginal em relação às bactérias do bem, onde existe uma diminuição dos lactobacilos e um aumento das microrganismos que podem levar a algum tipo de infecção” explica a ginecologista.

    A higiene íntima feminina pode ajudar a evitar riscos que podem evoluir para quadros mais graves.

    “Indicamos as mulheres que façam higiene genital com sabonete líquido adequado para cada fase da vida, uso da calcinha de algodão ou seda, sempre de cor neutra no dia a dia, e sem o absorvente diário. A higiene após urinar ela deve ser sempre para trás, sempre lavar ao evacuar, papel higiênico deve ser neutro sem perfume, e também é muito importante hidratar a pele da vulva, é bem comum tratar o recenseamento de todo o corpo e esquecer de cuidar da pele da vulva”, afirma a médica.

    3. Métodos contraceptivos

    Diferentes estratégias podem ser utilizadas com o objetivo de se prevenir a gravidez, como o preservativo masculino e feminino, pílula combinada, anticoncepcional injetável mensal e trimestral, dispositivo intrauterino com cobre (DIU), diafragma, anticoncepção de emergência e minipílula. Os serviços podem ser adquiridos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

    Especialistas afirmam que a escolha pelo melhor método deve ser feita de maneira individualizada, considerando aspectos do perfil de cada paciente, com o objetivo de tornar a prevenção mais confortável e de fácil adesão.

    Além de evitar a gravidez, o preservativo contribui para a prevenção das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos, transmitidas, principalmente, por meio do contato sexual desprotegido com uma pessoa que esteja infectada.

    4. Saúde mental

    A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que a saúde mental feminina é afetada por seu contexto de vida ou por fatores externos, que podem ser socioculturais, econômicos, de infraestrutura ou ambientais. A identificação e a transformação desses fatores pode ser uma direção para prevenção de problemas psicológicos graves, como depressão e ansiedade.

    No relatório global de saúde mental de 2022, a OMS destaca que mulheres e jovens sofreram de maneira mais significativa o impacto das consequências sociais e econômicas da pandemia de Covid-19. Segundo a OMS, gênero, grupo étnico e local de residência podem afetar as chances de desenvolver uma condição de saúde mental.

    As mulheres tendem a ser mais desfavorecidas socioeconomicamente do que os homens e também são mais propensas a serem expostas à violência praticada pelo parceiro íntimo e violência sexual, que são fortes fatores de risco para uma série de condições de saúde mental, especialmente transtorno do estresse pós-traumático.

    Elas continuam a ser mais propensas a estar financeiramente em desvantagem devido a salários mais baixos, menos poupança e empregos menos seguros do que seus colegas do sexo masculino. Na pandemia, as mulheres também suportam grande parte do estresse em casa, especialmente quando forneciam a maior parte dos cuidados informais adicionais exigidos pelo fechamento das escolas. Uma avaliação rápida concluiu que a violência contra mulheres e meninas se intensificou no primeiro ano da pandemia, com 45% das mulheres relatando ter sofrido alguma forma de violência, direta ou indiretamente.

    Os transtornos depressivos e de ansiedade são cerca de 50% mais comuns entre as mulheres do que entre os homens ao longo da vida, enquanto os homens são mais propensos a ter um transtorno por uso de substâncias. Como os transtornos depressivos e de ansiedade representam a maioria dos casos de transtorno mental, no geral, um pouco mais de mulheres (13,5% ou 508 milhões) do que homens (12,5% ou 462 milhões) vivem com um transtorno mental no mundo, de acordo com o relatório da OMS.

    Diferentes estratégias promovem a saúde mental, incluindo a intervenção psicossocial, que possibilita o enfrentamento de questões pessoais como a ressignificação do sofrimento e a busca por redescobrir e potencializar as habilidades. O site Mapa da Saúde Mental permite a consulta de locais que oferecem o atendimento gratuito, voluntário ou com preços acessíveis no país.

    5. Imunização

    Tradicionalmente, nos sistemas de saúde por todo o mundo, a prioridade tem sido o cuidado da mulher no campo da saúde reprodutiva, com foco na atenção ao pré-natal e parto. No entanto, outros cuidados também são importantes para a saúde integral como a prevenção dos cânceres de colo do útero e de mama e o recebimento de vacinas específicas.

    “Há várias doenças que afligem o universo feminino que são prevenidas por meio das vacinas. Mais recentemente, podemos falar da vacina do HPV, que é uma vacina muito segura e que tem reduzido drasticamente assistência de câncer de colo do útero, entre outros tumores, mas principalmente do colo uterino”, afirma Raquel.

    A vacinação é uma opção segura e eficaz de prevenção da infecção ao HPV. O imunizante é oferecido gratuitamente pelo SUS para meninas de 9 a 14 anos, além de mulheres de 15 a 45 anos vivendo com HIV/Aids, transplantados e pacientes oncológicos.

    Como funciona o esquema vacinal: crianças e adolescentes de 9 a 14 anos devem receber o esquema de duas doses. Adolescentes que receberem a primeira dose dessa vacina entre 9 e 14 anos, poderão tomar a segunda dose mesmo se ultrapassados os seis meses do intervalo recomendado, para não perder a chance de completar o esquema vacinal.

    A médica ginecologista destaca também outras vacinas importantes para as mulheres. “Você toma vacinas quando está grávida prevenindo vírus que acomete mais mulheres gestantes, a vacina da hepatite B que está no calendário vacinal da mulher ele vai exatamente seguindo esse ciclo de vida dela”, reforçou.

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