Dia dos Namorados: como despertar a memória afetiva do parceiro pela culinária
Elementos e situações que marcam as pessoas ajudam a formar a nossa memória afetiva
Os registros de experiências pela consciência ao longo da vida compõem a nossa memória.
Um jogo entre irmãos, um lugar especial que você frequentava com seu pai ou o bolo de cenoura que só sua mãe sabe fazer. Elementos e situações como estas, que marcam as pessoas de maneira positiva, ajudam a formar a nossa memória afetiva.
“A memória afetiva é formada por experiências cheias de elementos sensoriais como aromas, sabores e sentimentos. Todos temos memórias que nos remetem à encontros familiares e histórias cheias de amor. Sabe aqueles momentos à mesa que quando relembrados dão um quentinho no coração? É disso que estamos falando”, afirma Daniel Marcus Martins, professor do curso de Gastronomia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo.
Nesta segunda-feira (12), o Dia dos Namorados oferece um convite a despertar a memória afetiva da sua parceria através da comida.
“Quando preparamos um prato com o objetivo de despertar a memória afetiva de uma pessoa é legal pensarmos em sua história, de onde vem sua família e em qual contexto foi a sua infância e desenvolvimento”, orienta o professor.
O aroma daquele prato favorito, a textura e o sabor de uma sobremesa típica da infância podem levar a uma experiência única e especial.
“Uma dica é: normalmente as lembranças mais valiosas estão entre momentos de simplicidade como um bolo de fubá servido por uma avó querida ou no cheiro de espigas de milho quente com manteiga ofertadas nas festas juninas do bairro”, afirma.
Neste ponto, vale fazer uma pesquisa informal entre os familiares para saber um pouco mais sobre o parceiro ou parceira.
“O carinho está na simplicidade de um alimento preparado com amor e dedicação. Para uma receita de sucesso, junte esses ingredientes, crie um clima especial e aproveite para acrescentar à essa memória um pouquinho do seu coração”, conclui.
“Bastidores do cérebro”
O médico neurocirurgião Fernando Gomes, professor livre-docente do Hospital das Clínicas de São Paulo, explica que o sistema límbico é relacionado à parte emocional do cérebro.
“Aqui, chamo atenção especial para estruturas como a amígdala cerebral, que é uma parte responsável por gerenciar o medo, a raiva e o estresse. Durante o processo da paixão, por exemplo, ela é silenciada nesse sentido e modulada por neurotransmissores e hormônios como a própria ocitocina”, explica.
A amígdala se encontra localizada em uma área muito próxima do hipocampo, uma estrutura envolvida na criação de memórias, na formação do aprendizado e às próprias emoções.
“Existe uma entrada de informação extremamente poderosa para dentro do cérebro. Além de lembranças sensoriais, sobre momentos agradáveis e de prazer, existe realmente a emoção acoplada”, detalha Gomes. “Então, essa memória afetiva é extremamente poderosa e fica fixada na mente”, prossegue.
O neurocirurgião explica que informações sensoriais como a visão, o olfato e a audição chegam direto ao cérebro antes de atingir áreas mais profundas.
“Situações como por exemplo uma música especial, um perfume específico ou até mesmo determinada comida ou um vinho podem configurar e fazer parte desse processo da memória afetiva”, diz.
Em geral, fotos e vídeos são as fontes mais comuns para despertar a memória afetiva. “Mas não podemos menosprezar essas outras entradas sensoriais, sobretudo do olfato, que é extremamente poderoso”, pontua.
“A memória afetiva é poderosa e, principalmente, quando a história tem significado, ela traz benefício mental, como por exemplo uma sensação de tranquilidade, de saudade e de bem-estar”, conclui.