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    Estudo de proteína abre possibilidade para novos remédios contra doenças no cérebro

    Pesquisadores da UFRJ identificaram relação da Lamina-B1 com o envelhecimento do cérebro, possibilitando criação de tratamentos para doenças neurológicas

    Fabrizio Neitzkeda CNN , Em São Paulo

    Na edição desta quarta-feira (2) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes falou sobre a descoberta por um grupo de cientista brasileiros, em parceria com grupos da Holanda e dos Estados Unidos, que pode auxiliar na compreensão de doenças do cérebro.

    Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) identificaram uma relação da proteína Lamina-B1 com o envelhecimento do cérebro. Segundo os estudos, o órgão perde uma proteína presente em todo o corpo com o passar dos anos, o que pode estar ligado a doenças do cérebro. Apesar da descoberta, cérebros de pacientes com doenças como o Alzheimer e Parkinson não foram analisados na pesquisa.

    Segundo Fernando Gomes, a Lamina-B1 é responsável pela proteção do núcleo da célula astrócito, que, por sua vez, protege e nutre os neurônios do cérebro. Conforme a proteína vai desaparecendo do organismo, o astrócito encontra dificuldades de funcionamento.

    A descoberta, de acordo com o médico, abre “um leque incrível de entendimento” na ciência, possibilitando, inclusive, a criação de novos remédios para o órgão. “A partir do momento que temos um biomarcador e podemos fazer essa correlação, isso abre a possibilidade de criar novos medicamentos, pensar novas estratégias e, sobretudo, a sabermos que o envelhecimento tem que ser pleno e saudável”, destacou.

    “Mas temos alguns desafios na frente, como as demências e, sobretudo, o Alzheimer. É um passo importante que a neurociência deu, identificando esse biomarcador, que vai possibilitar a construção de mais conhecimento, provar ou não mais hipóteses e assim sucessivamente”, comemorou.

    O neurocirurgião concordou que, com a descoberta, um dos tratamentos possíveis para o futuro pode passar pela reposição de proteínas, assim como o que é feito em terapias hormonais.

    Gomes ressaltou, porém, a importância de compreender o funcionamento do suporte físico da atividade dos cerca de 86 bilhões de neurônios existentes no cérebro para o desenvolvimento apropriado de intervenções médicas.

    No caso do Alzheimer, o especialista afirmou que, caso haja uma relação direta entre a ausência da proteína e o falecimento do neurônio, “oferecer” a Lamina-B1 ao cérebro pode ser uma forma eficaz de prevenir a doença. Como as possibilidades são amplas, a nova informação pode ser capaz de mudar totalmente o entendimento da senilidade e de doenças neurológicas.

    O médico também acredita que a qualidade de vida de pessoas com Alzheimer deve melhorar nos próximos anos, recordando que a doença foi identificada no começo do século XX, enquanto a hidrocefalia de pressão normal, que realiza o diagnóstico diferencial, surgiu apenas na década de 1960.

    “Junto com isso vem a neurorradiologia, toda a questão do conhecimento básico biomolecular… faz a gente ter estratégias que percebemos apenas no campo clínico quando alguma coisa não está legal.”

    “A ciência vem dando saltos. Conforme recebemos um golpe, como o da pandemia, grupos de pesquisa se organizam e conseguem marchar em um sentido comum de descobrir diagnósticos, estratégias de tratamento e tentar garantir para a população orientações para machucar menos o próprio corpo e intervir de forma adequada para garantir saúde”, finalizou.

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