Dependência de insumos farmacêuticos se acentuou com a guerra, diz conselheira do CNS
Levantamento da Confederação Nacional de Municípios apontou que 80,4% dos 2.469 municípios que responderam à consulta relataram falta de medicamentos básicos
Em entrevista à CNN, nesta sexta-feira (22), a conselheira nacional de Saúde do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Débora Melecchi, disse que a guerra na Ucrânia impactou a falta de medicamentos no Brasil.
Débora aponta que a dependência de insumos farmacêuticos de outros países reflete na saúde do país.
“O Brasil tem uma dependência externa muito grande. Ainda hoje, dependemos, pelo menos, de 90% dos insumos da China e da Índia. Junto a esse contexto, quando há diante dessa guerra na Ucrânia, acaba refletindo diretamente no nosso país”, afirma.
Na semana passada, uma pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM) apontou que 80,4% dos 2.469 municípios que responderam à consulta relataram falta de medicamentos básicos da assistência farmacêutica.
A lista inclui remédios para tratamento de doenças crônicas ou de sintomas leves. As maiores ausências relatadas foram de amoxicilina (68%), dipirona (65,6%), dipirona injetável (50,6%), prednisolona (45,3%), azitromicina (42%) e ambroxol (39,6%).
Segundo Débora, a realidade é muito dura para os pacientes. “Esse cenário é muito grave para a saúde pública. Mas observo que não apenas no público, no o hospital privado também. Até mesmo nas farmácias”, avaliou.
Ela diz ainda que é necessário que o país busque a “autossuficiência”.
“Precisamos retomar o chamado complexo econômico industrial da saúde, um complexo que articula as prestações de serviços, as políticas públicas e fortalece os laboratórios para produção pública”, afirma.
A CNN consultou o Ministério da Saúde e o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) sobre as observações e conclusões da pesquisa da CNM.
Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que trabalha para manter a rede de saúde abastecida com todos os medicamentos ofertados pelos SUS e que foram adotadas medidas para contornar o problema, como uma resolução que libera critérios de estabelecimento ou de ajuste de preços para medicamentos com risco de desabastecimento, além da inserção de fármacos na lista de produtos com redução do imposto de importação sobre insumos.