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    Dengue atinge com maior gravidade crianças de até 5 anos, mostra análise

    Levantamento do Observa Infância, da Fiocruz/Unifase, mostrou que a letalidade pela doença é maior nessa faixa etária

    Gabriela Maraccinida CNN

    A dengue tem atingido com maior gravidade crianças de até 5 anos em 2024, segundo levantamento realizado pelo Observatório de Saúde na Infância da Fiocruz/Unifase (Fundação Oswaldo Cruz/Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto). De acordo com a análise, essa faixa etária é a que exibe as maiores taxas de letalidade, sendo seguida pelas crianças entre 5 e 9 anos.

    A análise foi feita com base nos dados do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) do Ministério da Saúde das 10 primeiras semanas epidemiológicas de 2024 (até 9 de março).

    O Observa Infância indica que foram notificados 239.402 casos em crianças até 14 anos, com maior incidência de casos entre adolescentes de 10 a 14 anos (41,8%). A incidência de registros da doença em crianças menores de 5 anos foi de 24,5% e a de crianças entre 5 e 9 anos, 33,7%.

    De acordo com o levantamento, foram registrados 52 óbitos por dengue em crianças com menos de 14 anos. Desses, 16 deles já foram confirmados e 36 estão em investigação. Deste total, 44,2% das vítimas tinham menos de 5 anos, enquanto a faixa de 5 a 9 anos representou 32,7% dos óbitos e a faixa de 10 a 14 anos correspondeu a 23,1% das mortes.

    Os dados demonstram que há uma gradativa diminuição da proporção de óbitos com o aumento da idade, reforçando que a dengue pode ser mais perigosa em crianças pequenas. Esse grupo é, inclusive, um dos mais suscetíveis a quadros graves da infecção, de acordo com o Ministério da Saúde.

    Além disso, a análise também alerta para um aumento de 21,1% no número de óbitos na décima semana epidemiológica em relação à semana anterior. Isso pode sugerir a necessidade de reforço nas medidas de prevenção à dengue, principalmente entre as crianças e adolescentes com menos de 14 anos.

    Letalidade é maior entre as crianças com menos de 5 anos

    O levantamento do Observa Infância também mostrou que a letalidade (número de óbitos em relação ao total de casos) confirmada é cinco vezes maior na faixa etária com menos de 5 anos em comparação com a faixa entre 10 e 14 anos. A letalidade em crianças de 5 a 9 anos é três vezes maior do que entre as crianças e adolescentes mais velhos.

    A letalidade total (levando em consideração casos confirmados e suspeitos) também é maior nas faixas etárias com menos de 10 anos em comparação com as crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, segundo análise.

    “Nesse levantamento observamos que, apesar de concentrar o menor número de casos entre as crianças, a faixa etária entre 0 e 5 anos é a que mais morreu este ano vítima das formas mais graves da doença, seguida da faixa entre 5 e 9 anos”, explica o coordenador do Observa Infância, Cristiano Boccolini. Para ele, o importante é que as famílias levem seus filhos para vacinar e que todos sigam tomando as medidas profiláticas possíveis.

    “O Ministério da Saúde acerta em vacinar o grupo onde estamos vendo mais casos. Nossa recomendação é que a imunização avance para as crianças mais novas, de 5 a 9 anos, que estão morrendo mais, proporcionalmente”, completa.

    Por que a dengue em bebês e crianças é mais preocupante?

    A dengue em bebês e crianças é semelhante à doença que afeta os adultos e pode causar os mesmos sintomas, como febre alta, mal-estar, dor no corpo e fadiga. No entanto, nos pequenos, a infecção pode ser confundida com outras viroses comuns na infância, o que dificulta sua identificação.

    “Nas crianças, os sinais de alarme da dengue podem não ser tão evidentes, levando ao maior risco de gravidade”, afirma Flavia Jacqueline Almeida, infectologista do Sabará Hospital Infantil, em matéria publicada anteriormente na CNN.

    Em bebês com menos de dois anos, identificar os sintomas da dengue pode ser ainda mais desafiador, já que os pequenos não conseguem expressar os sintomas que estão sentindo. Isso exige maior atenção dos pais e responsáveis para observar os sinais, como febre, falta de apetite, náuseas, manchas vermelhas na pele, inflamação nos olhos, dor nas articulações e dor ao engolir os alimentos ou beber água.

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