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    Dados diários isolados não permitem avaliar evolução da pandemia, diz Conass

    Presidente da entidade, o secretário de Saúde do Pará, Alberto Beltrame, defendeu divulgação mais completa possível para facilitar tomada de decisões

    Guilherme Venaglia, da CNN em São Paulo

    Em entrevista exclusiva à CNN nesta segunda-feira (8), o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Alberto Beltrame, afirmou que o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, se comprometeu com a entidade a retomar a divulgação completa dos dados da pandemia da Covid-19.

    O secretário afirmou que a divulgação dos dados totais, além da oscilação diária de novos casos e mortes, é importante para a avaliação correta da situação e a tomada de decisões a respeito de políticas públicas, como os rumos das medidas de distanciamento social.

    “Precisamos saber em que ponto da pandemia estamos e para isso não é possível ter dados parciais, precisamos ter os dados completos, a quantidade total e precisamos sim ter os óbitos contados dia a dia. O dado solto, de um dia, não serve para fazer a análise adequada das curvas de tendência”, afirmou Beltrame.

    O Conass lançou neste domingo (7) uma plataforma para a divulgação dos dados da Covid-19 informados pelos estados, os mesmos que são repassados diariamente para o Ministério da Saúde. O governo federal, no entanto, passou a desde a última sexta-feira (5) fazer apenas a divulgação das atualizações diárias, sem a divulgação dos números totais.

    Segundo o portal mantido pelos estados, são 37.314 mortes e 707.412 casos confirmados da Covid-19 no país. Os números batem com as oscilações diárias divulgadas pelo governo federal, com o registro de 679 novas mortes e 15.654 novos casos confirmados.

    “A primeira coisa que precisa ser dita é: os dados epidemiológicos não pertencem nem aos estados nem ao Ministério da Saúde, pertencem ao povo brasileiro”, disse Beltrame, que também é secretário de Saúde do estado do Pará. “Não é permitido ao gestor público omitir dados e informações, sobretudo quando se trata de saúde pública”, completou.

    O secretário afirmou também ser a favor da divulgação de dois tipos de informação a respeito da pandemia. Os casos e mortes registrados no dia, independentemente da data que tenham ocorrido, e um recorte de quais efetivamente aconteceram naquela data. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu um foco maior nesta segunda informação. Beltrame ponderou a sua experiência no Pará, em que chega a levar quatro dias para ser comunicado de casos ocorridos em cidades do interior do estado.

    Governo federal

    Segundo Alberto Beltrame, apesar das divergências em torno das divulgações oficiais, o diálogo com o governo federal melhorou após Eduardo Pazuello se tornar ministro interino da Saúde.

    O presidente da entidade afirma que a reunião diária do Ministério com o Conass e o Conasems (Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde) para tratar da crise, que era feita na gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta e havia sido suspensa sob Nelson Teich, foi retomada na nova gestão.

    Beltrame disse que Pazuello se mostrou, durante a conversa desta segunda, “surpreso com a repercussão” da mudança nos boletins diários. O Brasil chegou a ser excluído momentaneamente do monitoramento global feito pela Universidade Johns Hopkins, referência mundial em relação ao novo coronavírus.

    “Para nós, nesse momento, é incompreensível que dados não sejam fornecidos à sociedade na íntegra. É importante que eles sejam do conhecimento de todos, principalmente da academia, da ciência, que possam fazer previsões e melhorar o conhecimento da doença no Brasil”, disse o presidente do Conass.

    A respeito de Pazuello, Beltrame ainda disse que “ele não tem intenção de omitir nenhum dado, mas é importante que ele mesmo diga isso e faça a divulgação dos dados”.

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