Covid: Quase metade das mortes de menores de idade são bebês com até dois anos
Deste total, 9% dos óbitos foram de recém-nascidos com menos de 28 semanas de vida
Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou que quase metade das crianças e adolescentes brasileiros mortos por Covid-19 no ano passado tinham até dois anos de idade. Cerca de 37% das mortes em menores de 18 anos foram de bebês com até um ano. Pelo menos 110 óbitos registrados foram de recém-nascidos com menos de 28 semanas.
Pesquisadores analisaram 1.207 óbitos provocados pela doença entre menores de idade em 2020, tendo como base os dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade Infantil do Ministério da Saúde.
O pesquisador Cristiano Boccolini, do Laboratório de Informação em Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT/Fiocruz), explicou que alguns fatores como a baixa imunidade e a falta de aleitamento materno podem explicar a vulnerabilidade dos bebês para o vírus.
“As crianças nessa faixa etária não têm o sistema imunológico totalmente desenvolvido, o que elas têm é ‘herdado’ da mãe e desenvolvido com o aleitamento. Outro ponto é que metade das crianças com mais de seis meses já não estão se alimentando apenas com o leite materno, que é fundamental para a formação do sistema imunológico”, afirmou.
O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, afirmou à CNN que os menores de 20 anos correspondem a menos de 1% do total de mortes no Brasil.
“Quando olhamos pro Brasil, os menores de 20 anos são 0,34% do total de óbitos. É importante olhar também para as comorbidades. Metade das crianças que morreram tinham fator de risco. Há outros fatores que também contribuem, como condição socioeconômica, se é população indígena”, explicou Kfouri.
O médico intensivista e cardiologista, André Gasparoto, que coordenada a equipe médica das UTI’s da Beneficiência Portuguesa em São Paulo, disse à CNN que as crianças e os adolescentes não costumam ter sintomas graves após contrair a Covid-19.
“Até o momento, é a população adulta que mais sofre pelo coronavírus, em especial os idosos. Mesmo as novas variantes identificadas, como a Delta, não se apresentam tão agressivas com as crianças e adolescentes. Os estudos e pesquisas mostram que esse grupo pode transmitir, mas normalmente não apresentam sintomas graves”, esclareceu.
A Fiocruz destacou que acelerar e priorizar a vacinação das gestantes e lactantes em todo o Brasil é fundamental para proteger bebês e crianças.
*sob supervisão de Stéfano Salles