‘Lockdown que tem ser adotado em alguns estados e regiões’, diz médica
Cardiologista e intensivista Ludhmila Hajjar foi cotada para Ministério da Saúde e avalia situação do Brasil diante da Covid-19
A médica cardiologista e intensivista Ludhmila Hajjar afirmou à CNN, nesta terça-feira (5) que o momento atual da Covid-19 no Brasil é desafiador e que o lockdown tem que ser adotado em alguns estados e regiões. A medida começa a valer nesta terça na Grande São Luís, no Maranhão, o primeiro estado a adotar o isolamento total no país.
“Estamos vivendo um momento de estresse total do sistema de saúde e de um número progressivamente elevado, portanto, o que nós podemos fazer hoje, é apertar nas medidas de isolamento”, defendeu. “Então, infelizmente, em alguns estados e regiões, o lockdown tem que ser adotado como a medida mais severa, mas capaz de tentar conter a transmissão da epidemia e adequar o sistema de saúde”, acrescentou.
Hajjar ainda avaliou que a reação brasileira ao novo coronavírus foi heterogênea. “O que aconteceu com os outros países serviu de alerta para o Brasil, e a nossa capacidade de reação foi heterogênea, porque alguns estados tomaram medidas mais drásticas em relação ao isolamento e, por isso, em alguns deles, vimos uma evolução menos catastrófica da doença. Sem dúvida, isso tem um impacto direto”, considerou.
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Cotada para assumir o Ministério da Saúde, no auge da crise com o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, Ludhmila, que também é diretora de Ciência, Tecnologia e Inovações da Sociedade Brasileira de Cardiologia, falou sobre a conduta do atual ministro, Nelson Teich, em meio aos 107.180 casos e 7.321 mortes no país, na contabilização do Ministério da Saúde até segunda-feira (4).
Para a médica, ainda não é possível avaliar com exatidão qual será a linha adotada, mas ela diz que ele demonstrou estar trabalhando para conter a doença. “Acho que o ministro assumiu tem poucos dias e nós não tivemos tempo ainda de compreender qual é, de fato, o plano”, disse. “Ele assumiu em meio a uma emergência global muito grave e tem desafios gigantescos em todas as regiões do Brasil. Então, pelo que eu compreendo, as ações dos últimos dias são para tentar conter o avanço da epidemia”.
Por fim, Ludhmila avaliou que a comunicação clara e precisa com a população deve ser um dos focos neste momento. “Vejo que nós estamos em um momento em que a comunicação com as pessoas sobre a doença tem que melhorar e seguir uma única linha de articulação, porque isso não pode ser mais um problema”, defendeu.
“Imagino que a gente esteja vivendo um momento de alinhamento, no qual o principal é salvar vidas, mas, ao mesmo tempo, informar de uma maneira homogênea e tranquila”.