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    Covid-19: “autoteste é uma solução e não problema”, diz Marcelo Queiroga

    Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta sexta-feira (28) o uso de autotestes para detecção da Covid-19 no Brasil

    Anna Gabriela Costada CNN* , em São Paulo

    O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, comentou a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em aprovar, nesta sexta-feira (28), o uso de autotestes de Covid-19 no Brasil. A autorização se deu após análise da solicitação e informações complementares enviadas pelo Ministério da Saúde.

    Fica permitida a comercialização dos testes em farmácias e estabelecimentos de saúde. Os exames, que podem ser feitos em casa, permitem realizar o acompanhamento das condições da doença. No entanto, os testes não são conclusivos para o diagnóstico, segundo a Anvisa.

    Marcelo Queiroga disse que os autotestes são uma “solução”, e que a subnotificação de casos já ocorre de maneira “geral”, mesmo antes de o método ser aprovado pela Anvisa.

    “Eu mesmo já tive Covid; estava nos Estados Unidos e adquiri o teste na farmácia e fiz em casa; quando deu negativo fiz o RT-PCR e voltei ao Brasil. Então não é um problema, é uma solução. A subnotificação existe de uma maneira geral, com autoteste ou sem autoteste”, disse o ministro.

    “O autoteste vai ampliar a possibilidade de notificação, essa é a realidade”, acrescentou Queiroga.

    Como funcionam os autotestes

    O neurocirurgião e neurocientista Fernando Gomes, do Hospital das Clínicas de São Paulo, explica que a autotestagem é uma metodologia comum na medicina, como a medição de glicose no sangue para pacientes com diabetes ou testes de HIV e de gravidez. “Não é nada muito novo quando falamos em aplicação para a população em larga escala”, disse.

    No caso do coronavírus, o paciente que possui o kit realiza a coleta através da secreção do nariz ou da boca com um cotonete. Na sequência, a haste é introduzida em um processo químico e colocada para a testagem. O resultado está disponível em cerca de meia hora, indicando tanto o resultado positivo quanto negativo para a presença do vírus.

    Os detalhes sobre a utilização dos exames podem ser conferidos no quadro Correspondente Médico, do jornal Novo Dia.

    “Existe uma segurança biológica, existem trabalhos científicos mostrando a eficiência do teste, mas é lógico que existe a variação humana. Obviamente, até agora, isso tem sido feito por profissionais da saúde treinados. Mas a autotestagem pode, sim, ajudar a um comportamento ativo em termos de segurar uma pessoa que esteja assintomática para que ela não passe a doença para outras pessoas”, afirmou Gomes.

    A pesquisadora Chrystina Barros, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que as diferentes especificações técnicas de cada kit de diagnóstico precisam estar disponíveis em linguagem simples e acessível.

    “Todas essas observações precisam ser feitas pelo fabricante de acordo com cada kit. Isso precisa estar validado pela vigilância sanitária para se garantir que o produto que está sendo colocado no mercado atende às especificações técnicas, a segurança da coleta e do resultado no que é possível de se alcançar nesse tipo de exame”, disse.

    O autoteste é utilizado como estratégia de saúde pública nos Estados Unidos e em países da Europa, como Reino Unido, Portugal e Itália.

    Ampliação da testagem no país

    Desde o início da pandemia de Covid-19, em março de 2020, a testagem tem sido apontada por epidemiologistas como uma estratégia fundamental para o enfrentamento da doença.

    A partir do diagnóstico e do tratamento adequado dos pacientes, é possível orientar o distanciamento social e promover o rastreamento de outras pessoas que podem ter sido expostas à infecção.

    Para o pesquisador Cláudio Maierovitch, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Brasília, a utilização do autoteste, como estratégia de saúde pública, poderá trazer benefícios para o contexto epidemiológico da doença no país.

    “Nós poderíamos ter um instrumento colocado pelo governo, de forma gratuita, à disposição de públicos prioritários, para que isso facilitasse a identificação de pessoas com o vírus, e fossem praticadas as medidas de isolamento, quarentena e controle. Isso poderia dar mais segurança para a volta às aulas nas escolas públicas, por exemplo”, afirma.

    Com informações de Lucas Rocha, da CNN*

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